Agripino alerta o governo: confronto com os Estados Unidos não é boa política



O líder do PFL, senador José Agripino (RN), alertou o governo para o fato de que uma política de confronto com os Estados Unidos não produz bons resultados. Para ele, viagens do presidente Lula a Havana, Caracas e Líbia, -países governados por tiranos universais-, não são bem vistas pelo governo norte-americano e o resultado pode prejudicar interesses brasileiros.

- O que ganha o Brasil com essas visitas? - perguntou.

Agripino observou que o mundo se prepara para um período de crescimento econômico e o Brasil reúne condições de -surfar nessa onda-, desde que saiba aproveitar as oportunidades. Para isso, é indispensável tratar os Estados Unidos com soberania, firmeza e habilidade, mas sem confronto, para que eles não levem seus investimentos e negócios para outros países considerados mais confiáveis, argumentou.

O senador lembrou que a dinamização das exportações é vital para a economia brasileira. Portanto, obter melhores regras para vender suco de laranja, produtos siderúrgicos e calçados para os Estados Unidos, o maior mercado do mundo, -seria ótimo-. Ele acrescentou que receber investimentos estrangeiros também é fundamental, frisando que, mais uma vez, são os Estados Unidos que mais dinheiro investem fora de seu país.

- Estamos com uma carga tributária em torno de 40% do PIB, com perspectivas de aumento. Esse fato não é bom para atrair investimentos gerando negócios. Marcos regulatórios atrasados, como o que está sendo anunciado para a energia elétrica, condições insatisfatórias de infra-estrutura como rodovias, saneamento básico e portos, também não ajudam a atrair capitais estrangeiros - argumentou.

Ao concluir seu pronunciamento, José Agripino reconheceu ser o presidente Lula -um vendedor de esperanças-. Ele advertiu, no entanto, que a ineficiência de quadros do governo e sua falta de planos concretos, se não forem corrigidos, farão com que 2004 seja um ano tão frustrante para a população brasileira como foi 2003.



18/12/2003

Agência Senado


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