Agripino critica utilização da taxa de juros como único instrumento de combate à inflação



O senador José Agripino (DEM-RN) criticou nesta quarta-feira (13) a utilização, pelo governo, do aumento da taxa de juros como único instrumento de combate à inflação. Agripino disse que a medida produziu uma despesa "monumental" para o erário, que chega a R$ 6 bilhões por mês e se tornou um impeditivo aos investimentos que o Brasil precisa.

Outra ação do governo repudiada pelo senador foi a criação do Ministério da Pesca, com 300 cargos de confiança a serem preenchidos sem concurso, como fez questão de ressaltar, quando deveria, em sua opinião, economizar nos gastos públicos.

- Nós estamos vivendo uma loucura, uma insanidade. Esse governo só encontra um caminho para combater a inflação: aumentar a taxa de juros. O que evidentemente derruba o crescimento e o nível de emprego, baixa o PIB, diminui a competitividade do Brasil, elimina investimentos. Há um cacoete claro do atual governo de criar cargo, de estatizar, como se o Estado brasileiro fosse um modelo perfeito e acabado de eficiência. Não é - afirmou.

Analisando a participação da diplomacia brasileira na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizada em Genebra, Agripino disse que o Brasil se saiu muito mal e fez "um papelão", pois negociou um "acordinho" paralelo e traiu a confiança dos parceiros do grupo de países emergentes, conhecido como G-20. Para o senador, o Itamaraty comprometeu as relações do Mercosul e deixou de cuidar das questões domésticas que poderiam elevar as exportações agropecuárias brasileiras acima do que prometia a Rodada de Doha.

- Se fizéssemos o dever de casa e fôssemos um país livre da febre aftosa, teríamos por gravidade, com as tarifas que existem, um crescimento no mercado de carne suína, não de 100 mil toneladas/ano como a Rodada de Doha permitiria, mas de um milhão de toneladas porque teríamos o selo de qualidade por não termos mais aftosa - afirmou.

O senador Jefferson Praia (PDT-AM) disse, em aparte, que é preciso um choque de gestão para tornar o Estado mais enxuto, eficiente e eficaz. Ele salientou que o exemplo tem que partir do governo federal para que os governos estaduais e municipais possam se adequar. O senador Gilberto Goellner (DEM-MT) disse que o fracasso do Itamaraty em Doha é fruto de uma aposta errada.

- Nadou, nadou e morreu na praia. Vai trazer péssimas conseqüências para a agropecuária brasileira - previu.

O senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) disse que governo é incoerente porque tem uma política monetária apertada e uma política fiscal frouxa - "erro que o Banco Central está tentando contornar". Na avaliação do senador, o aumento dos juros não deveria andar junto com a eficiência nos gastos para combater a inflação.

- Daqui a pouco vamos ter o Ministério da Caça - disse.



13/08/2008

Agência Senado


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