Agripino: Lula anuncia Bolsa Família, mas ministro diz que "não sabe se há dinheiro"



O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), manifestou-se em discurso -estupefato- com a declaração do ministro do Planejamento, Guido Mantega, de que -não sabe se há dinheiro- para o programa Bolsa Família, anunciado nesta segunda-feira (20) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Com todas as letras, e isso está nos jornais de hoje, o ministro disse que o programa custará 5,3 bilhões de reais e lutará para que o dinheiro seja garantido. O ministro, no entanto, afirmou que não pode garantir todo o dinheiro. Isso é preocupante, num momento em que o governo resolveu corretamente unificar todos os programas sociais - afirmou José Agripino.

A situação é difícil porque R$ 3,5 bilhões do Bolsa Família serão retirados da área da saúde, acrescentou. Agripino lembrou que a saúde tem de receber do governo federal neste ano, por determinação da Emenda Constitucional nº 29, exatamente R$ 27,7 bilhões e até agora recebeu apenas R$ 17,8 bilhões.

- Ora, se estão faltando para a saúde até o final deste ano 9,9 bilhões de reais, como é que se pode tirar outros 3,5 bilhões para o programa Bolsa Família? - questionou. O líder do PFL acredita que os R$ 9,9 bilhões restantes -não deverão ser liberados-.

Para ele, o governo -anuncia programas por anunciar, fazendo o jogo do faz-de-conta e a conta de chegar-. Ele lamentou que há menos de um mês o Senado aprovou o Estatuto do Idoso e recebeu do senador Paulo Paim (PT-RS) a informação de que o governo teria dinheiro para bancar a ajuda financeira aos idosos prevista no estatuto. Pouco depois, ficou sabendo que -no Planalto se discutia a sanção deste artigo, pois não há dinheiro-.

José Agripino leu em Plenário dados retirados dos computadores do governo sobre liberação de verbas para programas de valorização dos idosos. Os itens construção de centros de atendimento de idosos, serviços extra-hospitalares, estudos e pesquisas sobre saúde de idosos e promoção de eventos na área -não receberam nem um centavo este ano-, apesar de constarem do Orçamento da União verbas de R$ 21,58 milhões.

- Se o governo está entre a opção de atender aos famintos ou à saúde, que corte nas viagens desnecessárias, nos hotéis de luxo e na publicidade oficial. Aliás, na área da propaganda o governo libera praticamente tudo. O orçamento previa gastos de 6 milhões de reais em publicidade dos programas de valorização dos idosos e liberou 99,75% do previsto. Para a publicidade, tudo. Para programas de ação, nada - disse o líder do PFL.



21/10/2003

Agência Senado


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