Agripino discorda de afirmação de Lula de que saída do Bolsa-Família seria o crédito consignado



"Dar dinheiro aos pobres é uma coisa boa, mas deixá-los entregues à sua própria sorte ou condenados à pobreza não passa pela minha cabeça e não deveria passar pela cabeça do presidente Lula". A declaração do senador José Agripino (DEM-RN) foi motivada por uma resposta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a repórteres do jornal O Estado de São Paulo, em entrevista publicada neste domingo (26).

Indagado sobre o caráter temporário do Bolsa-Família, o presidente da República teria respondido que o caminho de saída do programa seria o crédito consignado. Agripino lembrou que o empréstimo consignado é concedido a quem recebe renda através de folha de pagamento, o que não seria o caso dos beneficiados pelo Bolsa-Família. O senador potiguar acrescentou que as portas de saídas deveriam ser o Banco do Povo e o programa Primeiro Emprego.

Através do programa Primeiro Emprego, explicou José Agripino, o beneficiário do Bolsa-Família se capacitaria para exercer uma profissão. Com os recursos tomados via empréstimo a juros subsidiados do Banco do Povo, esse trabalhador capacitado poderia adquirir os instrumentos ou viabilizar os meios de exercitar aquele trabalho aprendido. O senador disse que, apesar de "lançados com grande estardalhaço, esses dois programas faliram".

O senador também criticou a falta de uma ação mais efetiva do presidente da República visando a proporcionar uma consistência maior à economia brasileira. José Agripino aconselhou o presidente Lula a tomar iniciativas enérgicas para proteger o Brasil das turbulências econômicas provocadas pela crise no mercado imobiliário americano. Entre as medidas sugeridas estão o governo patrocinar as reformas sindical, trabalhista e política.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) classificou como o ponto mais importante da entrevista concedida pelo presidente Lula a garantia que ele deu de que não será candidato a uma segunda reeleição e não quer que o seu partido, o PT, sequer considere essa hipótese. Sobre o Bolsa-Família, Suplicy classificou o programa como uma evolução de programas anteriores e um passo a mais na direção da instituição de uma renda básica de cidadania a qual todos os brasileiros tenham direito.



27/08/2007

Agência Senado


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