Agripino promete que democratas votarão contra mudança na poupança



"Nunca ninguém neste país mexeu em rendimento de poupança e para isto vão ter que passar por cima do partido Democrata", disse em pronunciamento nesta quinta-feira (14) o líder do DEM, senador José Agripino (RN) ao manifestar posição contrária à proposta do governo de taxar os rendimentos da caderneta de poupança em aplicações superiores a R$ 50 mil, a partir de 2010.

A taxação está sendo proposta pelo governo em razão da progressiva redução da taxa de juros Selic, atualmente em 10,25% ao ano, o que poderá tornar a poupança, que rende 6% ao ano mais taxa referencial de juros (TR), mais atraente que os fundos de investimentos, por meio dos quais o governo financia a divida pública interna, cujo valor atual alcança R$ 1,380 trilhão. O volume de reservas do país é de US$ 210 bilhões.

- Temos uma posição muito clara: vamos votar contra. O governo para continuar a rolar a dívida interna está dificultando a vida da classe média, quebrando a credibilidade da instituição poupança e prejudicando os poupadores, mesmo aqueles que têm mais de 50 mil reais, em torno de dois milhões de brasileiros - disse.

Na avaliação do senador, o governo precisa encontrar uma forma de "fazer dinheiro" para não ficar na dependência dos fundos para a rolagem da divida nem jogar a conta nas costas do poupador. E esse caminho, segundo José Agripino, passa obrigatoriamente pela redução dos gastos públicos, uma vez que, se a receita encontra-se em queda, as despesas também precisam baixar.

- O governo tem que promover um superávit ou a melhoria no desempenho dos gastos públicos. O poupador vai ser obrigado a pagar imposto pela primeira vez, quando o governo bate recordes no aumento de gasto com cartões corporativos , em passagens aéreas e diárias. Tem que baixar o gasto público de má qualidade, diminuir a despesa pública. Do contrário, é mais penalização que o governo vai impor à classe média. E por isso vai nos encontrar pela frente - afirmou.

José Agripino destacou que o Brasil ainda detém a mais alta taxa de juros do mundo, lamentando que a redução da Selic, reivindicada pelo DEM há mais de seis meses, tenha sido tomada tardiamente pelo Executivo.

- O governo está prisioneiro do próprio modelo. Está taxando a poupança já que, baixando a Selic, também baixa o nível de rendimento dos fundos. Para evitar a migração, em vez de garantir a remuneração do CDB [Certificado de Depósito Bancário], vai é baixar o rendimento da poupança para deixar de ser atrativa ao investidor a sua migração para ela - protestou.



14/05/2009

Agência Senado


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