Agripino questiona criação da Petrosal e prazo para votar marco regulatório



O senador José Agripino (DEM-RN) questionou nesta terça-feira (8) a proposta de criação de uma empresa - Petrosal - para administrar a exploração do petróleo proveniente da camada pré-sal , localizada na plataforma marítima brasileira. Ele também discordou da pressa com que o governo quer ver aprovados os quatro projetos encaminhados ao Congresso Nacional, que tratam do marco regulatório do pré-sal, da criação de um Fundo Social e da Petrosal e da capitalização da Petrobras.

Agripino disse que votaria amanhã a criação do Fundo Social e a capitalização da Petrobras, mas apontou a responsabilidade com as gerações futuras como uma obrigação dos parlamentares. Por isso, defendeu a discussão dos outros dois projetos sem prazo definido e à luz dos interesses dos brasileiros. Ele citou a audiência pública realizada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) com a presença de três executivos da indústria petrolífera privada.

- Quem fala em filho e neto não impõe para amanhã a solução. Quem fala em buscar o melhor para os brasileiros, propõe o debate maduro e racional para que se encontre a melhor solução e não uma solução aligeirada, apimentada por condimento político-eleitoral. Aí eu estou fora. Pré-sal não é fato dominado, é uma expectativa cheia de dúvidas. Eu quero que o pré-sal seja viabilizado. Eu não tenho o direito de votar algo que desestimule o capital privado para viabilizar o nosso pré-sal. Eu quero votar algo que não seja sonho, seja realidade - afirmou.

Agripino ainda alertou para o fato de que muita gente está imaginando o pré-sal como um gigantesco lago de Tucuruí cheio de petróleo. Ele informou que a camada pré-sal é uma faixa de 800 quilômetros de extensão por 200 de largura, situada a 300 quilômetros da costa brasileira. Além disso, há uma lâmina de água de dois quilômetros até atingir o solo marinho. A partir daí, o petróleo pode ser encontrado a uma profundidade que varia entre seis e oito quilômetros.

- Um petróleo complicado de se buscar e só se justifica com um preço internacional na faixa de US$ 60 a US$ 70 por barril. Os riscos de exploração ainda não são conhecidos - alertou.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse, em aparte, que a urgência pretendida pelo governo vai cair por inércia. Na sua avaliação, o mérito seria juntar toda e qualquer parceria para fazer do pré-sal uma realidade o quanto antes e transformar a matriz brasileira de energia suja para energia limpa. O senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA) defendeu a análise responsável do marco regulatório, sendo garantida a flexibilidade necessária para conseguir capital e competitividade econômica para o pré-sal.

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) manifestou preocupação com os anunciados 5 bilhões de barris para capitalizar a Petrobras. Ele observou que a Bacia de Campos levou 32 anos para conseguir extrair 5 bilhões de barris.

- Eu achei os números assustadores e eu vou questionar o governo sobre isso - disse.

O senador Jefferson Praia (PDT-AM) disse que é preciso traduzir tudo o que está sendo apresentado em melhores condições de vida para o povo brasileiro. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que é preciso refletir também sobre qual progresso o país quer, o baseado no combustível fóssil ou no combustível renovável.

08/09/2009

Agência Senado


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