Água não pode ser objeto de transações comerciais e mercadológicas, diz José Nery
O senador José Nery (PSOL-PA) afirmou, nesta quarta-feira (21), véspera do Dia Mundial da Água, que este recurso natural deve ser encarado como "bem vital de todo o povo brasileiro", e, como tal, não pode ser "objeto de transações comerciais e mercadológicas".
Segundo o senador, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) têm condicionado a outorga de empréstimos à implementação de políticas de privatização da água em países em desenvolvimento. Essas instituições alegam, de acordo com ele, preocupação com a escassez e a degradação dos recursos hídricos.
Nery alertou para o fato de que, nessa perspectiva, a água perde sua condição de bem social, que deve ser acessível a todos. Ele cobrou do Estado brasileiro políticas públicas que garantam esse acesso.
O parlamentar citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) segundo os quais 80 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, ao passo que 100 milhões não possuem esgoto sanitário. Além disso, ainda segundo o instituto, 64,7% dos detritos coletados não seriam tratados e 84% deles seriam despejados diretamente nos rios.
- Esse quadro tem tido como conseqüência milhares de mortes. Para se ter uma idéia, somente em 1998 faleceram por doenças provocadas por falta de saneamento na região metropolitana de São Paulo 10.854 pessoas, número superior ao de homicídios ocorridos nessa megalópole naquele ano - disse.
O senador Sibá Machado (PT-AC) observou, em aparte, que, embora grande parte do planeta Terra seja coberta por água, menos de 1% desse montante pode ser utilizado para consumo humano. Já o senador Marco Maciel (PFL-PE) afirmou que a questão da água é um dos grandes desafios do século 21.
Cesare Battisti
José Nery prestou solidariedade ao escritor italiano Cesare Battisti, preso no início desta semana pela Polícia Federal e ameaçado de extradição. Segundo o senador, Battisti participou ativamente dos movimentos sociais da Europa nas décadas de 70 e 80.
Battisti foi um dos chefes da organização de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), ligada às Brigadas Vermelhas. Em 1993, foi julgado e condenado à prisão perpétua por ter matado quatro pessoas, entre 1978 e 1979. Ele sempre negou envolvimento nos crimes.
O senador registrou ainda que o PSOL aplaude o Supremo Tribunal Federal (STF) por ter julgado extinta a extradição do padre colombiano Oliverio Medina, ligadoàs Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).Acusado pelo governo colombiano de praticar atos terroristas e homicídio, Medina obteve em julho de 2006 a condição de refugiado político no Brasil.
21/03/2007
Agência Senado
Artigos Relacionados
Jayme Campos quer agência reguladora para transações comerciais de imóveis agrários
COP 15: José Nery aponta impasse, mas diz que não se pode 'perder esperança'
José Nery saúda negociação que pode dar fim a conflito fundiário de 25 anos no Pará
JOSÉ JORGE DIZ QUE PERFURAÇÃO DE POÇOS PODE RESOLVER FALTA DE ÁGUA EM PERNAMBUCO
Jorge Viana: asilo a senador boliviano não pode ser objeto de disputa política no Brasil
Suplicy: imposto mundial sobre transações financeiras pode combater a pobreza