Alan García propõe uma "verdadeira e profunda aliança estratégica" com o Brasil



O presidente do Peru, Alan García, em sessão solene do Congresso Nacional destinada a recepcioná-lo, nesta quinta-feira (9), afirmou em seu discurso que vai atuar nos cinco anos de seu mandato para converter a aliança estratégica com o Brasil numa política de estado permanente.

García explicou que esta sua primeira visita ao Brasil depois de assumir a presidência do Peru, há cem dias, pela segunda vez, tem como objetivo principal consolidar essa aliança estratégica "integracionista bi-oceânica e amazônica", que contemple um programa de desenvolvimento comum.

O presidente peruano salientou a importância de impulsionar a união sul-americana, por meio da integração entre a Comunidade Andina e o Mercosul.

- Brasil e Peru têm uma enorme responsabilidade como países-ponte entre a Comunidade Andina e o Mercosul - disse.

Também afirmou que, somente juntos, os países sul-americanos podem fazer frente a blocos econômicos como o Nafta e a União Européia, e mesmo à China. Lembrou que o Produto Interno Bruto da América do Sul é maior do que o chinês.

- Temos mais indústria e capital humano que a China; e temos democracia - observou.

Alan García também procurou ressaltar a importância do Peru para o Brasil conseguir ampliar suas exportações para a Ásia, utilizando os portos peruanos. Segundo ele, hoje o Brasil exporta US$ 118 bilhões por ano, mas, em 20 anos, estará exportando cerca de US$ 600 bilhões anuais, na maior parte para o continente asiático. O presidente disse que as obras de modernização de portos e aeroportos do Peru que vai empreender em seu mandato visam também a atender à demanda brasileira por um corredor de transporte ligando o Brasil ao Oceano Pacífico.

- Propomos a união dos povos com metas concretas - enfatizou, antes de afirmar que hoje os dois países "são sócios".

Entre essas metas, além do corredor para o Pacífico, está a ampliação do turismo. García lamentou que, em 2005, apenas 43 mil brasileiros tenham visitado o país vizinho. Manifestou ainda o interesse do Peru em aumentar a exportação de alimentos para abastecer a região de Manaus, segundo ele, a um custo 50% menor do que se comprados internamente, trazidos do centro-sul do Brasil.

Sobre a região Amazônica, lembrou da responsabilidade comum dos dois países em preservar a floresta, valiosa também pela capacidade de seqüestro de carbono da atmosfera. Disse ainda que a região detém grande potencial hidrelétrico, principalmente na proximidade com os Andes, que pode ser usado para a geração de energia para os dois países. A integração enérgica também passa, de acordo com García, pela exploração de petróleo e gás na costa do Pacífico, onde a Petrobras já está atuando.

A cooperação, para Alan García, vai envolver também o aspecto militar, com exercícios em conjunto e a incorporação do Peru ao Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Os dois países vão ainda realizar intercâmbio nas áreas tecnológicas e do desenvolvimento social.

Dizendo que Peru e Brasil nunca estiveram tão próximos, García ofereceu apoio ao Brasil no intento de obter um assento permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.



09/11/2006

Agência Senado


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