ALCÂNTARA ALERTA PARA INJUSTIÇAS DA GLOBALIZAÇÃO



O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) fez um alerta, nesta terça-feira (23), para as injustiças da globalização. "No momento em que o real desvalorizado nos dá a chance de aumentar as exportações, os países ricos como os Estados Unidos e a União Européia começam a denunciar que nossos produtos se valem de subsídios contrários às regras da Organização Mundial do Comércio", disse o senador. Ele lembrou que até mesmo o programa de incentivo às exportações, o Proex, está sendo atacado. "É interessante observar que esses mesmos países nada falam de seus subsídios à agricultura, estimados em US$ 750 bilhões. A globalização não pode vir para cristalizar a lei do mais forte, ao mesmo tempo que se veste de roupagem de modernidade e progresso para todos. Isso não dá para agüentar", desabafou.Alcântara lembrou afirmações do embaixador do Brasil na UE, Jório Dauster, revelando, em entrevista à imprensa, que a globalização é assimétrica. "Por trás das cautelas semânticas da diplomacia, ele denuncia que o sistema traz mais vantagens para os países ricos do que para nações em desenvolvimento como o Brasil. Estamos vendo as dificuldades do aço nos Estados Unidos e dos produtos agrícolas na UE, agora que precisamos exportar mais", argumentou. DESAFIOPara o senador pelo Ceará, o presidente Fernando Henrique Cardoso está diante do maior desafio de sua vida de estadista. "Ele precisa mobilizar a população, convocar o país para enfrentar as dificuldades do programa de ajuste fiscal, ao mesmo tempo que busca fórmulas de dinamizar a economia e combater o desemprego. Ele pode contar com o Congresso, que aprovou tudo que o governo quis. Agora podemos trabalhar em conjunto para traçar rumos para o futuro", afirmou.Em aparte, o senador Lauro Campos (PT-DF) queixou-se "do número de sapos que a oposição engoliu" ao alertar para os perigos do modelo econômico. "Fomos chamados de caipiras e neobobos ao denunciar que o real estava sobrevalorizado, resultando em importações baratas que iriam destruir nosso parque industrial. Agora que chegou nossa hora de exportar, estamos descobrindo que não existe neoliberalismo na hora de comprar nossos produtos."Alcântara respondeu que "essa dieta de batráquios" não tem sido privilégio da oposição. "Essa questão de engolir sapos até parece ser o cardápio favorito dos políticos. Precisamos acabar, no Brasil, com esse sistema de "pensamento único" em que qualquer um que diga algo diferente é logo taxado de bobo ou de sonhador", afirmou, concluindo ser importante garantir espaço para divergir.

23/02/1999

Agência Senado


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