ALCÂNTARA ANUNCIA CONFERÊNCIA DA ONU CONTRA RACISMO, INTOLERÂNCIA ÉTICA E DISCRIMINAÇÃO



O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) anunciou a realização da III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, que deve acontecer em agosto de 2001, na África do Sul. O evento, que será promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem o objetivo de ampliar a consciência mundial sobre as questões em foco e discutir soluções viáveis para o seu equacionamento, informou o senador.
Ele considera a iniciativa oportuna em razão dos sucessivos e corriqueiros incidentes de manifestação violenta de racismo e diz que, apesar dacapacidade de indignação do brasileiro diante do fuzilamento de um estudante africano por policiais norte-americanos, por exemplo, o país ainda está longe de tornar-se "um paraíso de igualdade racial".
- O mito da democracia racial é talvez o mais falso e insidioso sobre nossa cultura e nacionalidade - afirmou.
Para dar suporte aos argumentos apresentados, o parlamentar cearense invocou pesquisas realizadas pelo Instituto Datafolha e pela Univesidade Federal Fluminense (UFF), que demonstraram que, por trás de "máscaras de tolerância", o brasileiro médio é muito preconceituoso. Enquanto o Datafolha constatou que os negros brasileiros têm menor grau de escolaridade e salários inferiores aos dos brancos, a UFF revelou que 46% dos entrevistados sobre a razão de conflitos entre negros e brancos queixaram-se de que os negros querem as mesmas condições dos brancos, como se esse não fosse um direito.
Outra preocupação evidenciada por Alcântara refere-se ao aumento no número de sites sobre racismo na Internet, muitos defendendo idéias nazistas e negando o holocausto judeu na segunda guerra mundial. O senador tucano admite a possibilidade de o Brasil nunca conseguir libertar-se dos sentimentos racistas arraigados na sociedade, mas considera que essa conferência das Nações Unidas poderá ajudar a desencadear um processo de reflexão sobre a distância entre o mito da democracia racial e a realidade vigente no país.

14/08/2000

Agência Senado


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