Alcântara critica "alternativa flexível" ao Protocolo de Kyoto apresentada por Bush
O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) criticou a "alternativa flexível" apresentada pelo presidente dos Estados Unidos George W. Bush ao Protocolo de Kyoto, que estabeleceu para os países desenvolvidos um corte médio de 5,2% nas emissões de gases de efeito estufa, a ser executado até 2012. A proposta de Bush, explicou, consiste em reduzir a intensidade das emissões dos gases nocivos em cerca de 18%, fixando uma diminuição dessas descargas de 183 para 151 toneladas para cada milhão de dólares do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo o parlamentar, como estima-se que a economia americana crescerá aproximadamente 30% até 2012, não haveria redução real das emissões, mas unicamente uma desaceleração nas emissões - o que nem exigiria maiores esforços, diante da expectativa de que o crescimento econômico venha a se concentrar no setor de serviços, que prescinde de maior queima de carbono.
- Esperamos que os Estados Unidos possam rever sua posição na política ambiental, com a consciência de que os danos à atmosfera, se não forem contidos, acabarão por prejudicar a economia e a qualidade de vida norte-americana e de todo o planeta - disse o parlamentar.
O senador citou artigo especial do economista Paul Krugman para o jornal The New York Times, reproduzido pela Folha de S. Paulo, segundo o qual afirma que o governo americano oferece "uma ilusão de ambientalismo, anunciando políticas que soam impressionantes, mas são quase sem conteúdo". Alcântara observou ainda que, de acordo com Krugman, "a indiferença dos EUA em relação ao destino do planeta seria bem impopular se fosse percebida de maneira mais geral".
O boicote americano ao Protocolo de Kyoto, informou o parlamentar, criou um impasse no âmbito da Convenção sobre Mudança Climática, pois os Estados Unidos respondem por cerca de 25% de toda emissão de gases do planeta.
Ao contrário das críticas feitas aos EUA, Lúcio Alcântara parabenizou o governo federal por ratificar o Protocolo de Kyoto, conforme tem anunciado o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Mota Sardenberg. Diante de atitudes como essa, afirmou, é possível até que o número de ratificações exigido para que o protocolo entre em vigor - 55 países que em seu conjunto representem pelo menos 55% das emissões - seja completado até setembro, quando se realizará a Conferência Rio+10, em Joannesburgo, na África do Sul.
- É preciso que os outros países em desenvolvimento apresentem procedimentos tomados para o cumprimento das metas da Convenção sobre Mudança Climática. Fazemos votos para que países industrializados e em desenvolvimento, fraternalmente, conjuguem seus esforços para evitar o agravamento das condições climáticas, numa demonstração de apreço à natureza e de irmandade e entendimento entre os povos - finalizou o senador.
22/03/2002
Agência Senado
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