Alcântara critica manicômios no Dia Mundial da Saúde Mental



Todos os loucos vivem em sociedade e não existe justificativa ética, social ou científica para o isolamento de pessoas com transtornos mentais que, desde que bem orientadas, são capazes de desenvolver suas funções quotidianas. A tese é do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), que registrou o Dia Mundial da Saúde Mental lembrando que até hoje não existe "uma classificação universal de moléstias mentais aceita pela unanimidade dos países".

Depois de apresentar uma série de registros literários do que seriam manifestações de loucura - começando pela Ilíada, de Homero, passando por Shakespeare, Erasmo de Rotterdam, Cervantes, Dostoievski, Franz Kafka e o inglês Roy Potter, além de autores nacionais como Machado de Assis, Cornélio Pena, Otto Lara Resende, Nelson Rodrigues e Assis Brasil - o senador cearense conclui que "a postura antimanicomial é a mais correta".

- Se a literatura traduz a realidade, é fácil verificar que as pessoas retratadas como doentes mentais podem conviver pacificamente no meio de pessoas consideradas normais, embora até hoje não exista uma definição correta de normalidade, como não existe de doença mental - argumenta Lúcia Alcântara.

De acordo com o senador, "o isolamento em hospícios ou casas de tratamento é quase sempre acompanhado de maus tratos, de desinteresse, de excesso de medicamentos que levam à cronificação da doença". Ele entende que "em muitos casos, consiste em um abuso de poder por parte das famílias dos internados, que não querem se comprometer em levá-los para tratamento diário, em clínicas especializadas".

Alcântara diz que "doenças mentais são tratáveis e é necessária uma política nacional bem definida, com investimentos em pesquisas, abrangendo psiquiatria, neurociência e ciências sociais". E apela para que as autoridades "meditem sobre o assunto e terminem, definitivamente, com os asilos e manicômios, permitindo a todos os brasileiros, doentes ou sãos, viver uma vida digna".

O parlamentar aproveitou sua manifestação para registrar, ainda, a outorga pela Câmara Municipal de Fortaleza do título de Cidadão Honorário de Fortaleza "Post Mortem" ao Padre Cícero Romão Batista, em iniciativa do vereador Idalmir Feitosa. O título foi entregue em sessão solene da Câmara Municipal de Fortaleza em "homenagem ao Cearense do Século", realizada na cidade de Juazeiro do Norte.

08/10/2001

Agência Senado


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