ALCÂNTARA DESTACA RELATÓRIO DO BID SOBRE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL



O informe anual sobre o Progresso Econômico e Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), enfocando a péssima distribuição de renda na América Latina e, em especial, no Brasil, foi destacado nesta segunda-feira (dia 16), em plenário, pelo senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE). O parlamentar ressaltou a importância conferida pelo documento à relação da melhoria de renda com uma maior escolaridade.Para o senador, o mais grave é que o relatório aponta a América Latina como a região campeã de concentração de renda, e dentro dela o Brasil aparece como o país onde há as maiores desigualdades. De acordo com os dados divulgados, os 10% dos brasileiros mais pobres detêm 0,8% da renda nacional. Já os 10% mais ricos abocanham 47% de todas as riquezas.Alcântara assinalou que esses mesmos 10% mais pobres perderam 15% de sua já escassa participação na renda nacional entre 1990 e 1995. Outro dado que chamou sua atenção foi que os 5% mais ricos na América Latina recebem hoje um quarto de toda a renda produzida. Na Ásia, a parte que cabe a essa minoria privilegiada não ultrapassa a 16%, caindo ainda mais nos países industrializados, onde os 5% mais abastados ficam com 13% da renda nacional.Citando reportagem publicada pelo Jornal do Brasil sobre o assunto, o senador relatou trecho do documento segundo o qual se abre, para a América Latina, "uma janela de oportunidades": enquanto a taxa de natalidade está caindo, a proporção de pessoas em idade de trabalhar cresce mais rapidamente do que o número de crianças. Do mesmo modo, um menor crescimento demográfico gera um incremento do número de mulheres no mercado de trabalho. Com um número menor de estudantes por trabalhador, será mais fácil financiar um sistema melhor de educação.É no setor educacional que se situam as piores críticas do relatório à situação da América Latina. Segundo o documento, é a péssima distribuição no nível e na qualidade de educação entre os que ganham mais e os que ganham menos que explicam as abissais diferenças salariais entre trabalhadores. O relatório exemplifica que um trabalhador com seis anos de estudo ganha, em seu primeiro emprego, 50% a mais do que um que nunca estudou. Essa diferença ascende a 120% quando o trabalhador atinge 12 anos de educação e pode ultrapassar a 200%, quando há mais de 17 anos de estudo.- Temos de louvar as muitas iniciativas do governo, principalmente quanto à educação fundamental, mas ainda há muito a se fazer nesta área - resumiu, sugerindo que o relatório do BID seja examinado pelas lideranças políticas de todo o Brasil para se procurar o fortalecimento do processo educativo e o aumento da oferta da educação em todo o país.

16/11/1998

Agência Senado


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