Alencar defendeu negociação 'soberana' de área de livre comércio



O tom cauteloso marcou a postura de José Alencar, no Senado, em relação à política externa. Em 27 de dezembro de 2001, ele fez um alerta, da tribuna, para a necessidade de se promover uma negociação "soberana" sobre a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), proposta dos Estados Unidos que acabou não se concretizando nos anos seguintes.

Ele lembrou as barreiras então impostas ao suco de laranja e ao aço brasileiro nos EUA para argumentar que a Alca só viria a ter sucesso se ela viesse a ser o que se propunha: uma verdadeira área de livre comércio.

- Não podemos aceitar a ideia de que a Alca significa a abertura de nosso mercado, enquanto o mercado deles continua fechado. Tem que haver o fim não só das tarifas aduaneiras, como também daquelas proteções de várias formas. Isso tem que ser muito bem negociado - afirmou Alencar ao final de 2001, um ano antes de vir a compor, como candidato a vice-presidente, a chapa de Luiz Inácio Lula da Silva.

Para ilustrar seu argumento, o então senador recordou diálogo mantido em Belo Horizonte, durante o Fórum das Américas, por um produtor de laranja de São Paulo e representantes do governo norte-americano. O produtor perguntou por que os Estados Unidos falavam tanto em abertura de mercados e, ao mesmo tempo, cobravam US$ 454 por cada tonelada de suco de laranja que entrasse no país. A resposta de um representante norte-americano foi "simples", como lembrou o senador. "Ele se levantou e disse: para defender os laranjais da Flórida".

Como observou Alencar naquele momento, o Brasil deveria "negociar soberanamente" seu ingresso na Alca. Ele admitiu que o país não teria condições de competir com os Estados Unidos em setores como o de informática. Mas ressaltou que o Brasil teria, sim, condições de competir em áreas como a agricultura e em alguns setores industriais, como o de siderurgia. Recordou, inclusive, que os Estados Unidos mantinham então uma tarifa de 102% sobre a importação de certos tipos de aço.

José Alencar mencionou ainda, em seu pronunciamento, que as empresas brasileiras vinham sendo submetidas a uma competição desigual com as estrangeiras. Entre os obstáculos enfrentados por empresas nacionais, mencionou, encontravam-se as altas taxas de juros - que sempre criticou - e a precária infraestrutura do país.

- Não podemos pensar em Alca enquanto nossos juros forem mais altos que os deles, enquanto não tivermos solução para nossas estradas e nosso transporte - disse Alencar.



30/03/2011

Agência Senado


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