Alencar quer Armínio no BC e condena "invasões" do MST










Alencar quer Armínio no BC e condena "invasões" do MST
Cotado para vice de Lula, senador do PL é contra união de homossexuais

As contradições entre o PT e o empresário e senador José Alencar (PL-MG) -o nome mais cotado para concorrer a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva- são mais amplas que as tradicionalmente existentes entre o capital e o trabalho, ou entre os que dizem falar em seu nome.

Alencar, 71, em entrevista à Folha, chama de "craque" e diz que defenderia, se consultado, a permanência de Armínio Fraga à frente do Banco Central. É uma especulação que Lula, em setembro do ano passado, chamou de "imbecilidade despropositada" ao responder a jornalistas que questionaram essa possibilidade.
O senador avalia as ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) como um "mal" para o país e as classifica de "invasão", em vez de "ocupação" como os petistas.

Afirma que, "como cristão", não colocaria na sua plataforma política a defesa da união civil de pessoas do mesmo sexo, por considerar o "homossexualismo uma forma de violência à natureza humana". O projeto de lei em discussão no Congresso Nacional que a prevê é de uma parlamentar petista e tem o apoio do partido.

Ideologia
As contradições com o PT se aprofundam no campo ideológico. Para Alencar, "a teoria marxista cometeu erros crassos". O PT se diz socialista, apesar de mesmo dentro do partido haver questionamentos sobre a validade total ou parcial das teses do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883).

No campo do papel do Estado, o senador mineiro é enfático: "O Estado é um péssimo administrador". Em documento aprovado em dezembro, o PT afirma que uma eventual administração sua terá como objetivo a implementação de um "Estado forte", com a preservação da presença estatal em áreas como petróleo, energia, saneamento e bancos.

Nesse último ponto, Alencar encontra elementos para justificar sua contrariedade. "O Estado quebrou vários bancos públicos numa época em que o que mais dinheiro deu no Brasil foi banco."

Fundado em 1980, grande parte dos quadros do PT é formada por opositores ao regime militar instalado no Brasil em 1964.

José Alencar afirma que era um comerciante em Ubá (MG) quando, em 31 de março de 1964, os militares derrubaram o presidente João Goulart. "Jango começou a transigir com o discurso de comunização. 1964 veio com o meu aplauso. Evitou que houvesse uma guerra civil", analisa hoje.

Em três anos no Senado, Alencar apresentou três propostas de matéria legislativa -uma delas um requerimento pedindo a comemoração do centenário de nascimento do político mineiro José Maria Alkimin.

Fez 32 discursos no plenário do Senado, um deles enaltecendo o Antonio Carlos Magalhães (PFL). "Vossa excelência deu provas absolutamente incontestáveis de sensibilidade social aguda. Além disso, representa aquela probidade de que tanto o Brasil carece no exercício da vida pública", discursou em 13 de fevereiro de 2001.

Alencar é o maior acionista de um conglomerado de 11 fábricas de tecidos, a Coteminas, que emprega 16,5 mil funcionários e é o segundo maior grupo têxtil do país, responsável pela fabricação das marcas Artex e Santista, com faturamento anual de R$ 1 bilhão.

Com um patrimônio declarado ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas em R$ 13.575.008, 54, o senador seria um dos atingidos se aprovado o Imposto de Grandes Fortunas, pelo qual se bate o PT.

Reforma tributária
Ele está previsto na Constituição, mas não em vigor, pois depende de regulamentação. Alencar afirma que não adianta discutir esse imposto isoladamente sem a realização de uma reforma tributária, que seja progressiva -com a cobrança de mais impostos de quem tem mais renda e propriedade-, mas que desonere a produção industrial e que termine com a cobrança de contribuições em cascata -na qual um imposto pode incidir sobre outro.

Apesar de tantas desavenças e diferenças de opinião, Alencar é o nome preferido de Lula para concorrer como candidato a vice. O PL tem hoje um senador, 23 deputados, um prefeito de capital (Alfredo Nascimento, de Manaus) e direito a 46 segundos quando a propaganda eleitoral começar em agosto -contra 4m22s do PT sozinho.

As críticas de petistas contra a aliança com o senador devem ser ampliadas hoje em reunião da Executiva Nacional do partido. Alencar afirma que há "próceres" do PT e do PL nos extremos à direita e à esquerda, mas que não vê razão para desentendimentos.

Só uma coisa o preocupa ao ser citado como candidato a vice de Lula: "Se alguém defende meu nome por causa de dinheiro para campanha, peço que me esqueçam. Me exauri nas campanhas".

Alencar fez a campanha mais cara para o Senado em 1998 e bancou 97,4% do custo com o próprio dinheiro. Dos R$ 3,9 milhões de reais que gastou, R$ 3,8 milhões saíram de suas contas pessoais. Foi eleito senador pelo PMDB, com 2,9 milhões de votos, 48,19% dos votos válidos. Hoje se diz favorável ao projeto de financiamento público de campanha apresentado pelo PT.

Camisetas
Em 1998, sua empresa doou 415 mil camisetas à campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso (contribuição não registrada pelos tucanos no TSE e que consta da investigação sobre o caixa dois do PSDB). Vendeu outros R$ 3 milhões de reais em camisetas ao partido. Alencar diz que a dívida ainda não foi paga.
Mas o Ministério Público investigou uma suposta operação, envolvendo sua empresa e fundos de pensão de estatais, que poderia ter ligações com a eleição. A Secretaria da Previdência Complementar confirmou que houve uma compra combinada de ações da Coteminas por fundos de pensão no valor de R$ 177 milhões.
A Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) comprou R$ 81 milhões, o Funcef (Caixa Econômica Federal) e o Petros (Petrobras) investiram R$ 48 milhões cada um. Para o Ministério Público, a operação causou aos fundos prejuízo de R$ 46 milhões um mês após a compra de ações, pois seu valor despencou.

"Pedi no plenário do Senado uma CPI contra mim para apurar essa operação, que foi uma subscrição de ações com lançamento internacional. Ninguém teve coragem de fazer", diz Alencar.


Queda de Lula amplia crise interna do PT e fragiliza política de aliança
A crise interna do PT deflagrada pela oposição de setores do partido à aliança com o PL nas eleições presidenciais foi ampliada após a divulgação da pesquisa Datafolha, ontem, que registrou a queda de quatro pontos percentuais nas intenções de voto em Luiz Inácio Lula da Silva.

Em setembro do ano passado- então com 18 pontos à frente da pré-candidata do PFL, a governadora do Maranhão Roseana Sarney-, o petista chegou a afirmar que a posição do partido era "mais ou menos como a do [Michael] Schumacher: já se sabe que ele vai ganhar, então não se fala nele, só no 2º colocado".
O quadro mudou. Lula aparece hoje em queda, tecnicamente empatado com Roseana, dividindo a liderança da corrida presidencial.

A cúpula petista procurou minimizar a queda de Lula e os efeitos da aliança com o PL. "Impossível" a queda de Lula estar relacionada ao PL, disse o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP). "A pesquisa e o encontro [de líderes dos dois partidos] aconteceram ao mesmo tempo", disse.

O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, deputado José Genoino, adota outro tom e admite que a queda de Lula traduz a crise do partido, mesmo que o campo da pesquisa tenha sido feito na semana do anúncio da aliança com o PL. "O PT atravessa situações adversas, desde a discussão das alianças até a violência contra vários de seus membros".

O líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), atribui o empate técnico entre Lula e Roseana à exposição da pefelista na mídia e caracterizou sua candidatura como uma "ilusão virtual".

O deputado Milton Temer (PT-RJ), porém, da ala esquerda do PT, afirmou que o Datafolha mostra a reação do eleitorado tradicional do PT com as articulações para a aliança.

A reação à aliança também foi registrada ontem em documento distribuído pelas correntes de apoio à pré-candidatura à reeleição do governador do Olívio Dutra (RS). O texto diz que a aliança do PT com o PL "turva a consciência da população" e que as alianças deveriam "esclarecer o divisor de águas" que opõe o partido ao "status quo dominante".


Lula diz que vitória do PT não isola país
O pré-candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em entrevista que "o país não ficará isolado se o PT ganhar a Presidência, porque nenhum capitalista investe em um país segundo seu regime político".

Em uma das primeiras perguntas, Lula é questionado sobre que riscos corre o país com sua vitória pelo fato de ele ser, segundo o jornal, alvo de "grandes receios no exterior, sobretudo entre os organismos financeiros internacionais e os grandes investidores".

Questionado sobre a possibilidade de revisar as privatizações, ele respondeu que o Tesouro não teria dinheiro para recomprar as empresas -e que seria um erro usar o dinheiro público para isso.


Maluf abre vantagem sobre Alckmin em SP
Candidato do PPB está até 11 pontos à frente do governador; avaliação da gestão tucana sofre pequena queda

O pré-candidato do PPB, Paulo Maluf, lidera a disputa pelo governo de São Paulo com uma vantagem de até 11 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, revela pesquisa do Datafolha.

Maluf tem de 31% a 39% dos votos, de acordo com o cenário pesquisado. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, obtém o segundo lugar, variando de 22% a 28%.

O Datafolha pesquisou três cenários de candidatos. No primeiro, Maluf lidera, com 31%; Alckmin fica na segunda posição, com 22%; e Francisco Rossi (PL), na terceira, com 13%.

Em seguida, aparecem -empatados tecnicamente, já que a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos- Luiza Erundina (PSB) com 7%; José Genoino (PT), 6%; Orestes Quércia (PMDB), 6%; e Romeu Tuma (PFL), 4%.

O Datafolha fez uma simulação sem a presença de Tuma -que tende a sair candidato ao Senado Federal- e de Quércia -que pode também tentar ser senador ou disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.

Maluf é o maior beneficiado com a retirada do pefelista e do peemedebista. Cresce quatro pontos, passando de 31% para 35% dos votos. Alckmin e Rossi oscilam positivamente dois pontos percentuais. O tucano vai de 22% para 24%, e o candidato do PL, de 13% para 15%.

Erundina oscila um ponto, passando de 7% para 8%, e Genoino permanece com 6%.

Num terceiro cenário, o Datafolha retirou também a candidatura de Francisco Rossi da disputa. Nesse caso, Maluf vai a 39%; Alckmin, a 28%; Erundina, a 11%; e Genoino, a 9%.

A definição da eleição em São Paulo depende ainda do acerto de alianças. Estadualmente, o PFL tende a apoiar Alckmin, mas a direção nacional do partido defende um candidato próprio para ajudar a governadora Roseana Sarney (PFL-MA) na disputa pela Presidência. O PMDB pode até apoiar a candidatura de José Genoino ou mesmo a de Erundina.

Os cenários da atual pesquisa não são comparáveis com aqueles que constavam no levantamento realizado em 3 e 4 de janeiro pelo Datafolha.

Àquela época, Erundina dizia ser candidata a deputada federal. Aceitou disputar o governo do Estado em 18 de janeiro, a pedido de Anthony Garotinho, candidato do PSB à Presidência e que precisa de um palanque em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.

Na pesquisa de janeiro, Maluf e Alckmin estavam tecnicamente empatados nos quatro cenários, com uma diferença que variava de um a quatro pontos percentuais em favor do pepebista.

Dois fatos de impacto no campo da segurança -principal bandeira eleitoral de Maluf nas inserções publicitárias a que teve direito neste mês- podem ter ajudado o pepebista a se descolar do governador do Estado.

Em 18 de janeiro, foi sequestrado, e depois assassinado, o prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT). Em 2 de fevereiro, foi liberado o publicitário Washington Olivetto, após sequestro de 53 dias.

Os dois casos reacenderam o debate da crise da segurança em São Paulo, com a estratégia do governo do Estado -ou mesmo a falta dela- sendo duramente criticada por diversos setores sociais e políticos.

Talvez por causa disso Alckmin tenha perdido três pontos percentuais na sua avaliação de ótimo/ bom, que
caiu de 41% em dezembro para 38% agora. Sua taxa de regular manteve-se em 40% e a de ruim/péssimo em 14%.

Perfil
Os eleitores do pepebista e do tucano são quase antagonistas completos.

Paulo Maluf se destaca entre os homens (atinge 34% dos votos), entre os eleitores mais velhos (37% entre os de mais de 60 anos e 35% na faixa de 45 a 59 anos), entre os votantes do interior (34% contra 29% na capital), os de menor renda (32%) e os de menor grau de escolaridade (34%).

Já o governador Geraldo Alckmin tem sua força entre as mulheres (25%), os mais jovens (32%), os de maior escolaridade (30%) e os de maior renda (40%).

O Datafolha ouviu 2.002 eleitores na quarta e quinta-feira passadas.


Divididos, aliados comemoram pesquisa
PSDB e PFL comemoraram os resultados da pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial divulgada ontem, mas avaliam que os números dificultam ainda mais uma aliança no primeiro turno.

Para a cúpula do PSDB, a pesquisa reforça a possibilidade de aliança do pré-candidato do partido, José Serra, com o PMDB.

O mais provável cenário da pesquisa presidencial, sem o governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), mostrou aumento de quatro pontos percentuais de Serra, que chegou a 12%, e uma variação positiva de dois pontos de Roseana, que teve 24%. Lula (PT) ficou com 27%; Anthony Garotinho (PSB-RJ), com 14%; e Ciro Gomes (PPS), com 10%.

"A pesquisa torna mais fácil a aliança com o PMDB", disse o líder tucano na Câmara, Jutahy Magalhães (BA). O presidente do PSDB, José Aníbal (SP), ressaltou o crescimento da popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso como indicativo de que Serra "deverá estar no segundo turno". FHC obteve a melhor avaliação no seu segundo mandato, com 31% de ótimo/bom no Datafolha, sete pontos a mais do que no levantamento anterior.

Para o governador Tasso Jereissati (CE), "a pesquisa consolida a tese de que a situação vai ganhar. Os dois governistas cresceram". Sobre o resultado, Serra disse laconicamente que "é positivo".

Roseana
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, afirmou que Roseana está se consolidando e que "conseguiu transmitir confiança à sociedade". Ele afirmou achar "normal" o crescimento de Serra.

Um dos mentores da candidatura Roseana, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), não acredita que a camada de renda mais elevada e formadora de opinião esteja trocando a pefelista por Serra, como indica o Datafolha.
Segundo o prefeito, em maio estará claro que a única candidatura entre os partidos da base governista será a de Roseana. "Vai prevalecer o pragmatismo político e haverá uma convergência para Roseana e a desistência de Serra, que sentirá que tem uma candidatura forte ao Senado."

O pré-candidato e governador Anthony Garotinho (PSB-RJ) disse que a partir de agora Roseana perderá terreno, com uma queda "lenta e gradual" nas intenções de voto. Para ele, o fato significativo da pesquisa é a transferência dos votos de Roseana para Serra de eleitores ricos e formadores de opinião. Essa camada, segundo Garotinho, "começa a ver os problemas do Maranhão".

O pré-candidato Ciro Gomes (PPS) a firmou que as pesquisas só revelam tendências, de acordo com exposição na mídia, notoriedade ou empatia dos pré-candidatos. Ciro disse, no entanto, que a pesquisa Datafolha mostra a "incapacidade de Lula de vencer as forças do governo". "Está claramente demonstrado que a presunção do PT de vitória está perdida de novo", disse Ciro.


Serra propõe criar Ministério da Segurança
Candidato tucano critica governo Sarney, elenca sete compromissos com o país e promete equipar Forças Armadas

O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador José Serra (SP), fez a primeira proposta concreta de campanha, criar o Ministério da Segurança Pública, e criticou indiretamente adversários.

Na pré-convenção do PSDB, em Brasília, ontem, Serra evitou nomear os adversários. "Não vou personalizar as críticas", disse depois do discurso. No entanto, fez pelo menos um ataque claro à governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL).

Falou mal do governo do pai dela, o senador José Sarney (PMDB-AP), presidente entre 1985 e 1990. "No passado, chegamos a enfrentar inflação mensal de 80% ao mês. Isso muitos tendem a esquecer. Era um país que, num certo momento, não era respeitado pelo mundo. E o que é pior: nem pelos brasileiros e brasileiras", afirmou, repetindo a saudação celebrizada por Sarney.

Tasso
O encontro, realizado para mostrar que a candidatura de Serra é irreversível, reuniu cerca de 2.500 militantes num hotel brasiliense, ao custo de R$ 60 mil, segundo o PSDB. Estiveram presentes os cinco governadores do partido, ministros e congressistas tucanos.

O atraso de mais de uma hora do governador Tasso Jereissati (CE), que chegou à convenção às 13h20, criou certo constrangimento na pré-convenção.

O cearense, que perdeu a disputa tucana pela pré-candidatura, foi anunciado com entusiasmo pelo presidente do PSDB, o deputado José Aníbal (SP), como "a grande liderança" do partido.

Num rápido discurso, o governador cearense fez referência direta ao fato de ter desistido da disputa com Serra, contrariado com o ex-ministro da Saúde e com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas deixou claro seu compromisso de apoiar a continuidade do governo FHC.

"Em 94, começamos a implantar no país um projeto definitivo de colocação do Brasil entre os países desenvolvidos e modernos. Esse projeto está em jogo. Por isso, nenhum projeto pessoal, nenhuma demanda pessoal, pode comprometer esse projeto", afirmou Tasso.

Falando em seguida, Serra agradeceu o apoio de Tasso e também se referiu às divergências: ""Há um ditado que diz: Quando um não quer, dois não brigam. Mas, no nosso caso, nós podemos dizer que, quando dois não querem, não só não brigam, como também vão andar juntos dentro da luta política e social."

Serra enumerou "sete compromissos com a militância e com o Brasil": verdade, trabalho, desenvolvimento, justiça social, redução das desigualdades regionais, segurança pública e democracia.

Novo ministério
Serra pretende criar a pasta da Segurança Pública, tema que as pesquisas mostram ser uma das principais demandas do eleitorado. Não seria extinto o Ministério da Justiça, que passaria a cuidar só dos assuntos jurídicos. Droga, contrabando, sistema penitenciário, departamentos de trânsito são hoje atribuições da Justiça que integrariam a nova pasta.

"Temos de introduzir de maneira mais decidida o governo federal nessa luta [combate à violência]", disse Serra. Ele defendeu uma Polícia Federal "fardada", com missão de repressão e não apenas de investigação.
O tucano mostrou ainda preocupação com a integridade territorial do país. Prometeu equipar as Forças Armadas. "O Brasil não pode tolerar a violação de nenhuma das suas fronteiras nem planos de internacionalização de nenhuma das sua regiões."

Essa preocupação de Serra deve ser entendida no contexto da interferência norte-americana na Colômbia, onde o governo desencadeou ação militar contra a guerrilha e o narcotráfico.

Críticas
Ao dizer que os tucanos "têm bico afiado", Serra disparou críticas interpretadas como dirigidas a quatro concorrentes: Roseana, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS).
"Não vamos terceirizar idéias. As idéias vão ser expostas e debatidas com todos. A população precisa conhecer isso para fazer suas escolhas", disse, em menção às aulas de economia que Roseana vem tomando e ao guru de Ciro, o filósofo Mangabeira Unger.

Serra disse não acreditar "em messianismos políticos" nem em "candidatos a salvador da pátria". De acordo com as conversas reservadas de Serra e FHC, essa crítica cabe a Garotinho, a quem julgam um populista parecido com Fernando Collor de Mello e Jânio Quadros. Aliás, Serra atacou duramente os dois, "um com a vassoura; o outro, com o marajá".

Numa sequência de petardos a Garotinho, Roseana e Lula, Serra afirmou: "Chega, no Brasil, de político que faz questão de prometer o que não pode cumprir, que esconde suas posições, que exagera na desgraça".
Nos bastidores, Serra costuma dizer que Garotinho e Ciro fazem promessas impossíveis, que Roseana está fugindo do debate e que o PT prioriza o diagnóstico pessimista a ações propositivas.


Nos governos de FHC, segurança andou a reboque dos fatos
Embora tenha recebido destaque desde a primeira campanha de Fernando Henrique Cardoso, a segurança pública não teve tratamento prioritário em nenhum dos seus dois governos.

A principal característica da política de segurança pública da era FHC é andar a reboque dos acontecimentos. Em junho de 2000, depois de cinco anos e meio no poder, FHC lançou o Plano Nacional de Segurança Pública, em razão da repercussão do sequestro de um ônibus no Rio, transmitido ao vivo pela TV, que teve duas mortes.

O plano não deslanchou. Em agosto de 2001, outro pacote de medidas foi anunciado, em razão das greves de policiais de diversas capitais. Em 2002, o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), levou o governo federal a anunciar mais um conjunto de medidas.

Na mensagem que enviou ao Congresso no último dia 15, FHC admitiu indiretamente a deficiência de seus governos na segurança. Disse que o que o agravamento da criminalidade levou o governo a rever e ampliar os objetivos propostos originalmente nessa área.

FHC insiste na votação das dezenas de projetos de lei que tratam do assunto e que tramitam há anos. Um dos mais polêmicos é o que proíbe a comercialização de armas de fogo.

O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias disse recentemente à Folha que é muito difícil convencer os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Martus Tavares (Planejamento) de que é preciso gastar dinheiro com certas áreas como construção de presídios.


FHC apóia Serra e apela pela aliança
Na mensagem que enviou à pré-convenção do PSDB, o presidente Fernando Henrique Cardoso, que está na Polônia, declarou pela primeira vez apoio nominal a José Serra e reafirmou seu apelo à manutenção da base partidária que sustenta o seu governo.

"Espero que tenhamos a humildade e a competência política para manter a aliança que vem dando sustentação ao governo", dizia a mensagem.

O núcleo dessa aliança é formado por PSDB, PFL e PMDB, mas PTB e PPB também são sócios minoritários do governo FHC.

O presidente preferiu redigir a gravar a mensagem, para transmitir um apoio sóbrio a Serra, sem criar arestas com a pré-candidata do PFL, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney.

Justificou assim seu apoio a Serra: "Confio em José Serra porque o conheço como amigo, um companheiro de muitas lutas, e vejo nele as qualidades indispensáveis para dirigir o país".

FHC disse ainda na mensagem que o PSDB deve "oferecer ao país uma nova proposta de governo que sig nifique a continuidade sem a mesmice". Com essa afirmação, o presidente abre um espaço para que Serra possa, cuidadosamente, ter um discurso de campanha que o permita se diferenciar de FHC. Serra discordou da política cambial sobrevalorizada do primeiro mandato de FHC e tem uma visão de Estado mais intervencionista do que a da equipe econômica atual.

O presidente destacou ainda a estabilidade econômica e disse que investiu no social. "O Brasil de 2002 é um país melhor do que o que assumimos em 1995", disse.


Ex-senador se compara a Jesus Cristo
Com uma Bíblia na mão, Jader Barbalho (PMDB-PA) chorou ao discursar na "Noite do Abraço em Jader Barbalho", promovida por aliados em praça de Belém. Cerca de 10 mil assistiram ao evento, segundo a PM e os organizadores. "Se Jesus foi violentado, por que eu não poderia ser?", indagou o ex-presidente do Senado durante seu discurso de 20 minutos, em que confirmou que vai se candidatar pela quarta vez ao governo do Pará.

"Antes de sair de casa, resolvi apanhar a Bíblia. Resolvi abrir a Bíblia e por coincidência encontrei a página em que Jesus está perante Pilatos", disse Jader no início do discurso.

"Também fui apanhado de manhã cedo, como Jesus. Disseram a Pilatos que Jesus era um malfeitor, e portanto, um bandido. Naquela época eles não tinham algemas e fizeram uma coroa de espinhos."


ENTREVISTA - "É inviável erradicar o mosquito da dengue"
Para Marcos Boulos, especialista em doenças infecciosas, é preciso saber conviver com a epidemia

É inviável erradicar o mosquito transmissor da dengue. Por isso devemos nos acostumar à idéia de conviver com a epidemia até que, num futuro incerto, ela seja neutralizada por uma vacina.

É o que afirma Marcos Boulos, 56, professor titular de doenças infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP.

A doença poderá se expandir com alta mortalidade ou poderá ocorrer com uma frequência tão baixa que poucos se lembrarão dela. Tudo depende do esforço do governo e da sociedade para controlar a proliferação do mosquito.

O curioso é que o Aedes aegypti chegou, no passado, a ser efetivamente extinto no Brasil. Ele foi combatido como o transmissor de uma doença bem mais grave e mortífera que a dengue, a febre amarela. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.

Folha - De que modo foi erradicado o Aedes aegypti nos anos 50?
Marcos Boulos - O mosquito foi erradicado no Brasil por ser o transmissor da febre amarela. A relação entre o Aedes e a doença foi descoberta em Cuba, entre 1899 e 1900. Não se falava inicialmente da dengue, que para as autoridades sanitárias era uma epidemia circunscrita ao Sudeste Asiático. O problema era acabar com a febre amarela, o que mobilizou Oswaldo Cruz (1872-1917), no Rio, e Emílio Ribas (1862-1925), no interior de São Paulo, em operação desencadeada em Sorocaba, que se tornou a primeira cidade brasileira da qual o mosquito foi na época erradicado. O presidente era Rodrigues Alves, que perdeu uma filha por causa da febre amarela. Para o governo, virou uma questão de honra sanear o Rio de Janeiro. Quanto a São Paulo, o mosquito assustava a mão-de-obra que a lavoura pretendia atrair e, sobretudo, os compradores de café, que temiam ser contaminados nas fazendas. O que deu certo foi a união entre o poder político, no Rio, e o poder econômico dos cafeicultores paulistas. Em 1955, o Aedes aegypti foi considerado erradicado.

Folha - Qual a principal dificuldade técnica que eles encontraram?
Boulos - O Aedes está dentro da casa da gente, ele vive perto do ser humano. Oswaldo Cruz comandou uma operação de guerra. Contou com o auxílio de militares e até prisioneiros. O Rio tinha 700 mil habitantes, e participaram da ação 5.000 pessoas. A palavra "campanha", que pertencia ao vocabulário militar, passou a ser aplicada na saúde pública.

Folha - E por quais razões, a partir de determinado momento, o mosquito voltou ao Brasil?
Boulos - Havia uma proposta da Opas (Organização Panamericana de Saúde) de erradicação do Aedes de todo o continente americano. Mas a essa proposta não aderiram os Estados Unidos, Cuba e a Venezuela (que faz fronteira com o Brasil e que foi um dos focos da nova contaminação).

Folha - Qual foi o grande sinal de alarme, se tal momento existiu?
Boulos - No interior da Bahia, em 1976, foram detectados focos que cresciam vertiginosamente pelo interior. Em pouco tempo, o mosquito estava de volta ao Rio, que é propício para a proliferação em razão da temperatura, das florestas dentro da cidade e das águas que elas abrigam. A dengue só aparece em países pobres como o nosso, que não priorizam as condições sanitárias e de saúde, que não têm casas adequadas ou um bom saneamento básico.

Folha - Desde 1955, o Brasil deu um salto na educação, na urbanização e até na renda, que é maior, mesmo se ainda mal distribuída.
Boulos - Sim. Mas houve favelização, os centros urbanos cresceram de maneira exorbitante e desregrada. Nos anos 80, a população carioca havia se multiplicado por dez desde os tempos de Oswaldo Cruz. Mas a Sucam tinha um décimo da mão-de-obra para combater o Aedes aegypti.

Folha - Quem deve ser responsabilizado pela atual epidemia: o governo federal ou os municípios?
Boulos - Ambos. O município, por não cumprir suas tarefas de maneira adequada, e o governo federal, por não fazer a vigilância das operações efetuadas com recursos que repassou. A União não cobrou a lição de casa. O dois níveis de administração também são culpados por só fazerem a conscientização em época de epidemia. Não há um trabalho contínuo, no ano todo.

Folha - Sabia-se então há um bom tempo que o município de São Paulo estava vulnerável?
Boulos - Logicamente. Quando surgiram os primeiros focos no ano passado, sabíamos que neste ano seria muito pior. O mesmo vale para Campinas e Ribeirão Preto. Se há água parada, o Aedes vai se proliferar.

Folha - O que fazer para mudar tendência?
Boulos - A dengue vai acabar por volta de abril ou maio. Mas deve voltar a partir do fim do ano. Durante esses sete meses, é preciso conscientizar a população de que é preciso impedir que o mosquito se reproduza.

Folha - Existem pesquisas sérias de vacinas contra a dengue?
Boulos - Vacinas mesmo, em estado de experimentação, há a produzida pelo Exército norte-americano, que foi testada na Tailândia recentemente, e outra obtida pelo Instituto Pasteur-Merieux, na França, que não mostrou a eficácia desejada.

Folha - O que significa a expressão "eficácia desejada"?
Boulos - A vacina precisará combater os quatro tipos de vírus da dengue. A dengue hemorrágica acontece na segunda infecção, seis meses a três anos após a primeira. A vacina contra um único vírus pode predispor à recaída, à dengue hemorrágica.

Folha - Qual o critério estatístico para saber se estamos vivendo uma epidemia de verdade?
Boulos - O que define a epidemia é o surgimento de casos onde eles não ocorriam ou um aumento abrupto de ocorrências onde elas já eram registradas.

Folha - Pensemos em um cenário positivo: o governo, a sociedade, as ONGs mergulham de cabeça no combate à dengue. Ela não tende a diminuir e acabar de vez?
Boulos - É inviável erradicar o Aedes aegypti. Não há nisso uma possibilidade concreta. Ele já convive conosco e será nosso "parceiro". O esforço coletivo é fundamental porque só por meio dele teremos uma quantidade menor de mosquitos.

Folha - E qual seria a hipótese pessimista?
Boulos - Se não fizermos nada, vamos viver explosões contínuas todos os anos. Com mais dengue hemorrágica, que não é uma doença muito grave, se tratada.

Folha - E a mortalidade? Ela também poderia subir?
Boulos - Teríamos, nesse caso, mortalidade para valer. Imaginemos que morram 5% dos casos de hemorrágica. Se tivermo s 300 mil casos desse tipo de dengue, 5% disso dará 15.000 mortes. Malária mata pouco, só 1%. Mas na África morre por ano 1 milhão de crianças, porque há 100 milhões de casos. As porcentagens pequenas de mortalidade podem acabar se traduzindo por números absolutos muito dramáticos.


Artigos

Serra, o governista
Vinicius Torres Freire

SÃO PAULO - Fernando Henrique Cardoso não disse, ou pelo menos ainda não disse com todas as letras, que seu candidato a presidente é José Serra. Mas parece que parte do povo ouviu ou quis ouvir que Serra é o governista da corrida eleitoral.

A mais recente pesquisa do Datafolha mostra que o eleitorado do senador e ex-ministro da Saúde é o que tem o maior peso de governistas. Quanto mais o cidadão pensa em votar em Serra, mais ele gosta de FHC. O desempenho do ex-ministro é pífio entre os que consideram ruim ou péssimo o governo FHC (tem 6% dos votos dessas pessoas). Mais da metade dos serristas (51%) acha o governo ótimo ou bom. Para o desempenho eleitoral de Roseana, Garotinho ou Ciro não faz muita diferença se o cidadão é governista ou não. Lula é, óbvio, o rei dos oposicionistas.

Serra deve metade de sua decoladinha na pesquisa aos eleitores mais remediados, os que vivem em famílias de renda maior que 10 salários mínimos (uns 22% das famílias do país).

Em um mês e meio, o ex-ministro mais que dobrou sua votação entre os eleitores dessas famílias que ganham mais de R$ 1.800. Comeu boa parte dos 30% do eleitorado que a governadora Sarney perdeu nessa faixa de renda. Roseana deve seu sucesso ainda impressionante à crescente disseminação do seu nome entre os mais pobres. Em grau menor que Roseana, Garotinho também faz sucesso entre os mais pobres e vai mal entre a elite.

O desastre da dengue não explica o desempenho do ex-ministro da Saúde entre o povão. Segundo os entrevistados pelo Datafolha, o desemprego lidera a lista dos piores problemas do país. Quem se preocupa mais com o emprego faz a pior avaliação de FHC. Serra tem poucos votos entre essas pessoas, entre os mais pobres e entre os nordestinos, que ignoraram o lançamento de sua candidatura.

O que Serra terá para dizer sobre o desemprego? Roseana mal comenta o problema, mas duas ou três coisas que ninguém sabe dela tocaram o povo mais pobre e desempregado.


Colunistas

PAINEL

Teste de fidelidade
Parlamentares do PSDB decidiram pressionar FHC para que faça um esforço final para trazer o apoio do PFL à campanha de José Serra. Os tucanos acreditam que cargos importantes na reforma ministerial e alianças favoráveis nos Estados podem balançar os pefelistas.

Funil governista
Segundo a avaliação que predomina no PSDB, Roseana Sarney (PFL) é a principal adversária de Serra, pois apenas um governista chegará ao segundo turno. Serra também acha que FHC deve pressionar o PFL, mas considera pouco provável a desistência da governadora.

Impedimento tucano
Dois nomes do PMDB cotados para vice de Serra, Michel Temer e Geddel Vieira, foram vetados por Tasso Jereissati (PSDB-CE). "Se eu tiver peso [para decidir", então esses dois aí não vão", disse ontem o governador.

Ver se cola
O PSDB lançou o jingle da campanha de Serra no evento de ontem: "Serra, o Brasil que a gente sonha, hoje a gente faz. Serra, o Brasil no rumo certo avança muito mais".

Fotomontagem
Serra fez questão de ficar entre os desafetos Tasso Jereissati e Paulo Renato durante seu discurso de ontem. A intenção era obter uma foto que mostrasse a alegada unidade do partido.

Último argumento
Roseana Sarney disse ter ficado "comovida, principalmente com o voto feminino", com o resultado da pesquisa Datafolha. E que não vê mais como desistir de sua candidatura presidencial: "O que é que eu vou dizer para não ser candidata?".

Otimismo de campanha
Nelson Biondi, marqueteiro de Serra, fez leitura otimista da pesquisa Datafolha. Ontem, no encontro do PSDB, dizia que o candidato cresceu mesmo "sem usar sua munição", o programa partidário de março. Biondi diz que Serra deve buscar agora as classes C, D e E.

Dar e receber
Para apoiar Lula para presidente, Orestes Quércia (PMDB-SP) quer uma contrapartida: uma atuação dos petistas favorável a ele na CPI do Banespa da Câmara dos Deputados.

Roda eleitoral
Duda Mendonça contratou o jornalista Paulo Markun para o grupo de estratégia política das campanhas dos petistas Lula, José Genoino e Aloizio Mercadante. Markun comandará hoje seu último programa "Roda Viva", na TV Cultura, e no dia 1º se apresentará ao marqueteiro.

Comunicação total
A 25 dias das prévias presidenciais do PT, o site do partido na internet nada registra sobre as prévias para a Presidência no link "eventos". Eduardo Suplicy (SP) reclama da falta de divulgação do evento, que tanto incomoda a cúpula petista.

Por favor
O candidato ao governo de SP Paulo Maluf (PPB-SP) tem procurado rádios do interior, oferecendo-se para ser entrevistado. Nos últimos três meses, já foi ouvido em 150 emissoras.

Tela quente
Membro da CPI do Proer, o deputado José Roberto Batochio (PDT-SP) fez uma proposta inusitada: quer ouvir o depoimento de Salvatore Alberto Cacciola por teleconferência. O banqueiro está foragido na Itália.

Tentativa legal
O PPS entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar evitar a privatização do Banco do Estado do Espírito Santo, proposta pelo governador José Ignácio (PTN).

Que fim levou
O Conselho Nacional Antidrogas reúne-se hoje em Petrolina (PE), na área do Polígono da Maconha. O órgão vai avaliar o Projeto Mandacaru, que combatia as plantações de maconha e instava os agricultores a mudarem para outras culturas.

TIROTEIO

De Campos Machado, vice-presidente do PTB, sobre a hipótese de o TSE exigir que as coligações da eleição presidencial sejam repetidas nos Estados:
- Se a proposta realmente for aprovada, será o AI-6.

CONTRAPONTO

Nova realidade
No centro da polêmica a respeito da possível coligação do PT com o PL, o presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto (SP), defensor da aliança com Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu a visita na Câmara, na semana passada, do deputado Ricarte de Freitas (PSDB-MT).
Freitas foi tratar com o colega de projetos de interesse comum. Na parede do gabinete da presidência do PL, há um quadro com a foto do fundador do partido, Álvaro Valle, que em 85 saiu do PDS e criou a nova sigla.
O deputado do PSDB, um entusiasta da candidatura de José Serra (SP), afirmou:
- Valdemar, vira essa fotografia para a parede...
O líder do PL não entendeu:
- O que foi?
O deputado serrista alfinetou:
- É para o doutor Álvaro não ver o que está acontecendo com o partido por aqui...


Editorial

FHC NA PESQUISA

A pesquisa do Datafolha publicada na edição de ontem, medindo intenções de voto para a Presidência da República, mostrou a queda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o avanço dos dois pré-candidatos governistas. Roseana Sarney (PFL) agora aparece tecnicamente empatada com Lula em primeiro lugar.

José Serra (PSDB) conseguiu evoluir alguns pontos e situar-se na faixa que vai de 10 a 12 pontos percentuais nos dois cenários que, por ora, seriam os mais prováveis. Há também um discreto movimento ascendente, dentro da margem de erro, do nome do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), que ocupa a terceira colocação.

A queda de Lula (que perdeu entre 3 e 4 pontos) o retirou, pela primeira vez, da casa dos 30% das intenções de voto. As simulações de segundo turno também confirmam que o jogo está mais difícil para o petista do que há alguns me ses. A diferença com a qual Roseana o derrotaria aumentou; a folga que detinha sobre Serra diminuiu sensivelmente.

É difícil explicar o que esteve na base dessa perda de cacife do principal nome petista e do avanço dos governistas. Serra esteve bastante exposto na mídia nos últimos dias. Roseana também procurou não "desaparecer". Mas é quase impossível deixar de relacionar o fenômeno ao aumento da popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso, que, com 31% de "ótimo/bom", atingiu o pico do segundo mandato.
Vista com ceticismo depois que o encantamento do "real forte" se quebrou, em janeiro de 1999, a hipótese de FHC tornar-se um grande eleitor no processo de sua sucessão começa a ganhar força. Será interessante acompanhar que estratégia a oposição escolherá para defender-se do avanço situacionista e como os dois pré-candidatos governistas encaminharão a disputa no primeiro turno agora que o poder de mediação do presidente está em alta.


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02/25/2002


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