Alfredo Nascimento anuncia posição de independência do PR frente ao governo
A declaração de independência do PR da base de sustentação ao governo é uma decisão madura e traduz o entendimento dos deputados e senadores do partido, declarou no Plenário, no início da noite desta terça-feira (16), o senador Alfredo Nascimento (PR-AM). O parlamentar foi ministro dos Transportes no até o início de julho, quando pediu demissão depois de denúncias de irregularidades na pasta.
Alfredo Nascimento informou que o PR abriu mão de todos os cargos ocupados por indicação do partido no governo federal. Ele elogiou o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, filiado ao partido. Disse, no entanto, que o PR não reconhece no ministro um representante seu no governo. Paulo Sérgio Passos foi secretário-executivo de Alfredo Nascimento no Ministério dos Transportes.
Segundo o senador, o PR vai continuar a participar de "modo construtivo" das pautas nacionais. O partido também vai apoiar de "modo incondicional" as medidas que "defendam o povo brasileiro".
- É isso que esperam de nós os brasileiros que nos elegeram com seus votos - afirmou.
Alfredo Nascimento disse que é possível contribuir com o Brasil mesmo sem ser governo ou oposição. Ele lembrou que o PR contribuiu com o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parte do governo Dilma Rousseff. O senador também afirmou que o PR não aceita ser tratado como aliado de baixa categoria ou partido fisiológico.
- No momento em que as condições de respeito e apoio não estão mais presentes na relação com o governo, é porque chegou a hora da independência - disse o senador.
Ele assegurou que o PR não vai fazer o "jogo da chantagem", mas também não vai abrir mão da crítica e da defesa das bandeiras do partido. Alfredo Nascimento disse apoiar as ações contra a corrupção e cobrou o fortalecimento de órgãos de controle. O senador, no entanto, declarou que o PR não vai somar forças a ações "meramente midiáticas". Para Nascimento, os episódios recentes fortaleceram os princípios do PR.
- Votaremos com as nossas consciências e alinhados com o que pensa o povo brasileiro. Reiteramos nosso compromisso com o Brasil - concluiu.
"Apoio crítico"
Mais cedo, o líder do PR na Câmara, deputado Lincoln Portela (PR-MG), já havia anunciado que o partido decidiu não mais fazer parte da base do governo. O deputado disse que a decisão incluía também o Senado e os estados.
- Saímos da base, mas continuamos a apoiar o governo e a presidente Dilma Rousseff - disse o deputado, ressaltando que o PR fará um "apoio crítico".
Para Lincoln Portela, a postura independente pode facilitar o posicionamento do PR nas eleições municipais de 2012. O deputado também defendeu a apuração das denúncias que envolvem o Ministério dos Transportes. Portela ainda disse que a entrega dos cargos ocupados por integrantes do PR passa a ser uma decisão pessoal do ocupante.
- Estamos saindo sem rancor e buscando uma reconstrução. O partido é maior do que cargos - afirmou.
16/08/2011
Agência Senado
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