Aliados do governo manifestam apoio a Alfredo Nascimento
Após o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) falar ao Plenário e se declarar inocente das acusações de irregularidades no Ministério dos Transportes, seus companheiros de partido e senadores da base do governo no Senado manifestaram apoio em diversos apartes.
O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), disse que Alfredo Nascimento demonstrou coragem ao prestar seus esclarecimentos e estabelecer o contraditório. Essa atitude, segundo ele, "legitima muito mais" o mandato parlamentar do ex-ministro, que acaba em 2015.
O líder do PT, senador Humberto Costa (PE) reconheceu em Alfredo Nascimento um gestor público "extremamente eficiente", que sempre atuou no sentido de atender demandas históricas e estruturais de Pernambuco quando esteve à frente do Ministério dos Transportes, a exemplo da duplicação da BR-101 e das delegações para execução de obras pelo governo estadual. Humberto Costa ressaltou ainda que em nenhum momento viu alguém do governo levantar qualquer tipo de suspeição contra Nascimento.
- Temos hoje no Brasil um clima de 'denuncismo' enorme, e muitos dos que dizem que querem fazer investigação republicana cobraram a demissão do ministro - afirmou Humberto Costa.
O líder do PR, senador Magno Malta (ES) pediu serenidade nos questionamentos dos senadores oposicionistas, lembrando que na época do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), muitos pedidos de instalação de CPI no Congresso foram obstaculizados por parlamentares governistas que hoje fazem oposição ao governo de Dilma Rousseff. "Todos os partidos já tiveram sua crise", disse.
Magno Malta chegou a sugerir a Alfredo Nascimento a saída da bancada do PR do bloco do governo no Senado. Sem, no entanto, abandonar o apoio a Dilma.
- Daremos apoio crítico - declarou, afirmando que seu partido apoiará as ações do governo que considerar corretas.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), elogiou Nascimento pela coragem de pedir a investigação ao Ministério Público e disse que é importante esperar a apuração dos fatos para que se saiba o que houve e quem é efetivamente responsável. Jucá acrescentou ter confiança na investigação do Ministério Público e de órgãos como a Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU).
- O governo mandou investigar tudo no Dnit pela CGU, pelo Tribunal de Contas [da União].O Dnit é um dos órgãos mais investigados do Brasil e não é de agora não, é há muito tempo - garantiu Jucá.
O senador Blairo Maggi (PR-MT) também manifestou apoio a Alfredo Nascimento e elogiou também a defesa apresentada pelo ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Pagot, à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI).
Segundo Blairo Maggi, o PR espera um esclarecimento da presidente da República, Dilma Rousseff, logo após as apurações que estão sendo realizadas no Ministério dos Transportes.
- A presidente deve ao PR um esclarecimento. Desejo que a presidente da República, assim que concluir o levantamento, venha a público esclarecer se houve desvio de recursos e superfaturamento ou aditivos comprados e aceitos- afirmou Blairo Maggi.
O senador Benedito de Lira (PP-AL) prestou solidariedade ao colega de partido e criticou as matérias publicadas pela imprensa com menção a familiares de Alfredo Nascimento nas matérias com denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes. Ele também afirmou que a gestão de Nascimento na pasta proporcionou a recuperação de rodovias em todo o país.
"Dura cobrança"
Já o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) indagou de Nascimento sobre a veracidade das informações veiculadas na primeira reportagem da revista Veja sobre o tema. Na ocasião, citou o parlamentar, o periódico publicou que a presidente da República teria apresentado documentos e planilhas nas quais citava obra com aditivo que aumentava o custo de R$ 11,9 bilhões para R$ 16,4 bilhões, um incremento de 38%. Valadares mencionou ainda que, de acordo com a Veja, a presidente teria dito que não haveria orçamento fiscal capaz de suportar o dobro do orçado e que, dali para frente, o ministério seria supervisionado por três babás: ela própria, a ministra do Planejamento Miriam Belchior e a recém empossada ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann.
Em resposta, Nascimento disse ter obtido as notas taquigráficas da reunião da qual não participou e que nelas não constava o uso do termo "babá", embora admitisse que a presidente Dilma Rousseff "tenha feito dura cobrança" de seus subordinados. Nascimento disse que à época estava licenciado do cargo para concorrer ao governo do Amazonas e talvez, por essa razão, não tenha sido chamado a participar da reunião, uma vez que desconhecia "esses valores", referindo-se aos aditivos aos contratos dos quais Dilma estava reclamando.
O senador Anibal Diniz (PT-AC) parabenizou Alfredo Nascimento por "discutir de forma aberta" no Plenário da Casa as acusações sobre fraudes em licitações no Dnit. Anibal Diniz rebateu suposições de superfaturamento em obras de rodovias no Acre levantadas pelo senador Sérgio Petecão (PMN-AC).
Em resposta, Alfredo Nascimento se colocou à disposição para prestar informações ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado e também às comissões permanentes da Casa.
Geovani Borges (PMDB-AP) manifestou solidariedade a Nascimento, parabenizando-o pela "serenidade, firmeza e convicção" que demonstrou em seu discurso.
Em seguida, Waldemir Moka (PMDB-MS) também prestou solidariedade ao ex-ministro, lembrando que o próprio Alfredo Nascimento pediu para sair do cargo, o que caracterizaria sua "dignidade e postura de homem de bem".
Valdir Raupp (PMDB-RO) elogiou o trabalho de Alfredo Nascimento à frente do Ministério dos Transportes, especialmente pela condução de importantes obras em estradas na região Norte. O parlamentar, que destacou várias obras recentes em Rondônia, mostrou preocupação com a paralisação de vários projetos rodoviários em face da atual indefinição na diretoria do Dnit e da suspensão de licitações.
- Se for demitir, exonerar, pedir para sair dos cargos por uma simples denúncia, sem as provas devidas, não vai ficar ninguém no governo. Daqui a pouco vai acontecer um strike no governo, todos os pinos vão ser derrubados porque houve uma denúncia aqui e outra ali - afirmou Raupp, que elogiou a disposição de Nascimento para ser investigado.
Jorge Viana (PT-AC) considerou lamentável o episódio vivido por Nascimento, especialmente nas questões pessoais relativas a seu filho e seu patrimônio. Para Viana, os anos em que Nascimento atuou no Ministério dos Transportes ajudaram os governos Lula e Dilma a mudar o Brasil, e as notícias sobre irregularidades têm que ser tratados com cuidado.
- Com todo o respeito aos meios de comunicação, nós não podemos viver em função deles. Não pode sair notícias questionando e, imediatamente, isso se transformar em sentença contra pessoas - ponderou Viana, cumprimentando Nascimento pela forma de enfrentar as denúncias, abrindo seu sigilo bancário, fiscal e telefônico, e por ir à tribuna para discutir o assunto.
02/08/2011
Agência Senado
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