Aloysio Nunes culpa interferência política do governo por prejuízo na Petrobras
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) criticou o governo em Plenário, nesta quinta-feira (9), pelo resultado do balanço do segundo trimestre de 2012, divulgado pela Petrobras, em que a empresa registrou um prejuízo de mais de R$ 1,3 bilhão. Ele afirmou que a Petrobras deveria dar lucro, diante de sua capacidade de produção e do preço do petróleo no mercado atual, mas registra perdas em decorrência de interferências políticas em sua gestão.
Segundo Aloysio Nunes, os balanços trimestrais da Petrobras apresentavam superávit há mais de 10 anos. Além disso, ele salientou que a empresa é praticamente monopolista, em um país que é grande produtor, responsável por 2,4% da oferta mundial de petróleo, e com amplo mercado interno. Com cenário tão promissor, o resultado negativo de suas contas seriam fruto do tipo de influência governamental percebida em sua gestão.
- Não que o governo não deva influir. É claro que deve! É o acionista majoritário. Mas esse tipo de influência que se traduz numa falta de visão estratégica, inépcia gerencial, ingerência política, aparelhamento da empresa em partidos e grupos políticos, todos esses fatores incidem sobre as operações e os resultados da empresa – argumentou.
Aloysio Nunes questionou as explicações dadas pela presidente Dilma Rousseff para o prejuízo da empresa. Em sua avaliação, a desvalorização do real, um dos motivos apontados como responsável pelos maus resultados, não deveria atrapalhar a situação da empresa, uma vez que o custo de produção está estimado em pouco mais de US$ 32 dólares o barril, enquanto os preços no mercado estão em torno de US$ 100.
Já a baixa de produção dos poços recentemente perfurados e o número mais elevado que a média aceitável de paradas para manutenção poderiam ser evitados com cronogramas mais objetivos e melhor gerenciamento dos poços, continuou Aloysio Nunes.
Para o senador, o problema está na dificuldade da empresa em atingir suas metas de produção. O atraso na expansão da capacidade de refino, por exemplo, obriga o país a conviver com déficit de petróleo, obrigando sua importação. E enquanto isso ocorre, criticou, está em curso uma operação política para construção de uma refinaria em associação com o governo da Venezuela, cujo custo, estimado inicialmente em US$ 2 bilhões, ultrapassa hoje US$ 20 bilhões. Além o senador mencionou negociação do governo para entregar as diretorias internacionais da empresa para aliados políticos em Minas Gerais, em troca de apoio na eleição municipal no estado.
Em aparte, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lembrou a tentativa, infrutífera, de se instalar no Congresso Nacional uma comissão parlamentar de inquérito que investigasse irregularidades denunciadas na Petrobras. Sem CPI, contou ele, o PSDB encaminhou à Procuradoria Geral da República 16 representações com as principais denúncias.
09/08/2012
Agência Senado
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