Alvaro critica manutenção de arrocho fiscal



Com referência à audiência do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) esta semana, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lamentou que o governo tenha descartado a possibilidade de diminuição da meta de superávit fiscal (receitas menos despesas excetuando o pagamento de juros), fixada em 4,25% para os próximos três anos. Para o senador, a meta é muito pesada e esgota a capacidade de investimento do Estado em setores fundamentais para a geração de emprego e renda e para garantir as condições necessárias ao crescimento econômico.

- Palocci afirmou que o arrocho continua. Como compatibilizar crescimento com arrocho fiscal, com meta de superávit primário de 4,25%? A impressão que fica é que o presidente aguarda uma solução do sobrenatural. Não há iniciativa governamental que sinalize para a hipótese do crescimento econômico que atenda as necessidades do país - afirmou o senador, identificando que o país vive um drama, com o governo paralisado diante da estagnação econômica.

Nesse cenário, Alvaro registrou que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,2% e a renda per capita, 1,5%. De 12ª maior economia do mundo, o Brasil passou a ser a 15ª, registrou o senador, considerando os índices uma "humilhação" para o país que tem a pior distribuição de renda no mundo.

- Não podemos nos conformar. Enquanto a economia mundial viveu um bom momento, a economia nacional sofreu com a incompetência governamental - disse.

Com a meta de superávit primário, analisou o senador, o país não vai poder fazer investimentos em áreas como transportes, energia e saneamento. Segundo cálculos apresentados pelo senador, o Brasil precisa investir R$ 20 bilhões por ano em infra-estrutura, mas, em 2003, não chegou a investir R$ 7 bilhões.

- Vamos levar o país a um estrangulamento que impede o crescimento econômico - previu, informando ainda que o Brasil teria que triplicar os investimentos em saneamento para conseguir levar água potável e esgoto para todos os brasileiros em 20 anos.

O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) ponderou que há dados promissores sobre a economia no ano passado, especialmente no setor agrícola, em que o emprego e as exportações cresceram.

- Não se pode consertar o que se vinha deteriorando nos últimos dez anos em pouco tempo. Temos razão para estarmos otimistas, pois o governo é honesto e está trabalhando para melhorar os rumos do país e a vida da população - disse Maguito.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) criticou a oposição por insistir que o descontrole da economia no final do governo passado foi causado pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Para ela, foi o PSDB que incentivou o medo.

- Não há por que olhar para trás para justificar erros do presente. O controle da inflação foi uma conquista do governo anterior. O risco do país está subindo por conta dos escândalos e da perda de credibilidade do governo. Ninguém quer milagres, mas é preciso, com os pés no chão, construir o futuro do país com ética, responsabilidade, competência e trabalho - concluiu Alvaro Dias.



02/04/2004

Agência Senado


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