Alvaro Dias alerta para falta de investimentos em infra-estrutura
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) voltou, nesta quarta-feira (25), a alertar para a falta de investimentos em infra-estrutura no país, sob pena de gerar gargalos logísticos que podem inviabilizar o crescimento econômico de forma irremediável. Ele citou o estudo "Necessidade e realidade de investimentos em infra-estrutura", realizado pela Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base, que constatou a necessidade de investimentos, no valor de R$ 108,4 bilhões por ano, para impedir um apagão logístico em médio e longo prazos.
- Só assim os sistemas de transporte, energia, saneamento e telecomunicações não se tornarão obstáculos ao crescimento econômico. Os dados demonstram que o país não tem conseguido cumprir a meta - afirmou.
Alvaro Dias lembrou que, de 2003 a 2007, o governo Luiz Inácio Lula da Silva investiu R$ 577 bilhões em pagamento de juros e serviços da dívida, e apenas R$ 39 bilhões em infra-estrutura. O senador ressalvou que as indústrias dos setores de petróleo e de telecomunicações são as únicas a se aproximar dos volumes de investimento considerados adequados ao patamar exigido pelo país.
- As projeções do estudo para 2008 não são animadoras. Os três setores da infra-estrutura - transporte, energia elétrica e saneamento - devem receber R$ 34,4 bilhões, aporte que contempla apenas 64,2% da necessidade do país. O estudo nos alerta para um ponto crucial que não pode passar despercebido: o efeito cumulativo. O investimento não realizado num ano se soma à necessidade do ano seguinte - assinalou.
Além da falta de investimentos, o senador disse que o estudo também alerta para as lacunas regulatórias em setores como saneamento, gás natural, portos e aeroportos, entraves que inibiriam a ação dos investidores privados.
O senador argumentou ainda ser preciso mudar a orientação do governo no estabelecimento das prioridades. Ele disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem emprestado valores significativos a outros países, como o recente empréstimo de US$ 1,750 bilhão a Angola.
- Dezenas de obras são realizadas em outros países com recursos brasileiros, com empréstimos do BNDES. Acho que, diante desse cenário de pessimismo que esse estudo nos apresenta, a prioridade é o Brasil. Investimento em primeiro lugar no nosso país, promovendo a recuperação da nossa infra-estrutura, gerando emprego, receita, renda e oportunidade de vida melhor para a nossa população. Não estamos em condições de fazer cortesia a outros países diante deste cenário - analisou.
O senador João Pedro (PT-AM) reconheceu, em aparte, que é preciso melhorar a infra-estrutura do país, mas observou que, ao mesmo tempo, não é possível desconhecer a relação do Brasil com países importantes. Segundo ele, o governo brasileiro está reconstruindo Angola, que abriga 22 mil brasileiros, e o Brasil depende do gás boliviano. Por isso, avaliou, tem a obrigação de dar uma contrapartida. O senador também citou a Venezuela e o Equador como exemplos de relações econômicas e culturais importantes e discordou da utilização do BNDES apenas para os brasileiros.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) comentou, em seguida, que se o aumento de 8% para o Bolsa-Família é eleitoreiro ou não, é uma questão a ser resolvida pela Justiça. Além de considerar o valor do aumento pequeno, questionou o motivo de não se transformarem algumas iniciativas, como o Bolsa-Família, em programas de Estado, e não de governo. O parlamentar também voltou a sugerir a elaboração de um pacto antiinflacionário.
- Porque ela (a inflação) virá. E quando ela vier, acabou o debate em torno de saúde e educação. Só vai se falar de reajuste de preços e de salários. Sou favorável a que se aumente o Bolsa-Família, desde que não se aumentem os gastos públicos - frisou.
25/06/2008
Agência Senado
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