Alvaro Dias apóia relatório de Jereissati contra ingresso da Venezuela no Mercosul



Em pronunciamento nesta quinta-feira (2), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) manifestou apoio ao relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), contrário à adesão da Venezuela ao Mercosul. O ingresso do país presidido por Hugo Chávez no bloco comercial que reúne o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai deverá ser decidido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) no próximo dia 29, com base no relatório de Jereissati.

Alvaro Dias disse que Jereissati estudou em profundidade o assunto e que seu voto foi elaborado após consulta a diversos especialistas e autoridades, entre eles o ex-presidente da República e ex-ministro das Relações Exteriores no governo de Itamar Franco (1992-1994) Fernando Henrique Cardoso. O senador disse ainda que o relatório é abrangente e alcança todos os itens que devem ser considerados em uma decisão como essa.

O senador disse ainda que, se o objetivo do Mercosul é o fortalecimento da integração latino-americana, resta saber se a Venezuela "integra ou desintegra ou se agrega ou desagrega" o bloco comercial.

- Essa é uma indagação que certamente presidirá a preocupação dos senadores na análise da proposta de inclusão da Venezuela do Mercosul - afirmou.

Alvaro Dias disse que Jereissati elencou no relatório alguns temas fundamentais que dizem respeito ao interesse econômico e social de adesão da Venezuela ao Mercosul, mas também aos interesses da política internacional, dos direitos humanos e da democracia. Alem do fato de a Venezuela não ter cumprido os cronogramas relativos à integração comercial ao Mercosul, o relatório aponta ainda, disse o senador, um processo político eleitoral viciado, com a inabilitação prévia de candidatos da oposição às eleições de 2008, de acordo com documento elaborado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), requerido pelos senadores da oposição João Pedro (PT-AM) e Eduardo Suplicy (PT-SP).

Segundo Alvaro Dias, o relatório da OEA registra ameaças de autoridades da Venezuela a eleitores e candidatos; manifestações de Chavez incitando o uso da violência contra a oposição; imposição de dificuldades aos governadores oposicionistas; desmonte das instituições democráticas; mudanças no processo eleitoral para beneficiar candidatos da situação; nomeação de juízes sem concurso público; perseguição aos meios de comunicação e a jornalistas; cerceamento da liberdade de expressão; e o fechamento de canais de TV pelo governo Chavez, entre outras ocorrências.

Alvaro Dias criticou ainda a ligação de Hugo Chavez com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e disse que essa organização tem sido um grave problema para o Brasil em razão do tráfico de drogas e entorpecentes. Também condenou o apoio de Chavez a Zelaya com o "comprometimento" da embaixada brasileira em Honduras.

- O comportamento de Chavez nessas relações internacionais é fomentador de conflitos, é belicoso. Ele usa sua interferência na política interna de outros países e no financiamento de candidatos com recursos das Farc - afirmou.

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), após afirmar que o relatório de Jereissati é "isento, preciso e ilustrativo", disse que os senadores João Pedro e Eduardo Suplicy agiram de modo republicano e acima de questões ideológicas ao pedirem informações à OEA a respeito do relatório da entidade sobre a Venezuela, que proporcionou os elementos definitivos que consolidaram o voto de Jereissati.

Heráclito também lembrou o fato de a Venezuela ainda não ter preenchido um formulário de intenções que precisa ser apresentado pelo país que pretende ingressar no bloco comercial.

- Chavez não quer preencher. E nossa diplomacia, de maneira agachada, estimula a concessão do acesso sem se preocupar com o cumprimento das regras preestabelecidas - lamentou.

Ao reiterar que o relatório de Jereissati oferece todos os elementos para orientar a decisão dos senadores quanto ao ingresso da Venezuela no Mercosul, a qual terá repercussão internacional diante do atual momento vivido na América Latina, Alvaro Dias disse que, se há razões de natureza econômica que justifiquem a adesão, também há razões de natureza política que apontam no sentido contrário.

- Valeria trazer para dentro do Mercosul todo esse lixo autoritário que existe na Venezuela? - questionou.



01/10/2009

Agência Senado


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