Alvaro Dias: Brasil afaga ditadores enquanto apedreja o Paraguai
“A mão que afaga é a mesma que apedreja”. O trecho de poema de Augusto dos Anjos foi usado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) na tarde desta terça-feira (3) em Plenário para retratar o que chamou de “comportamento dúbio da política externa brasileira”. De acordo com ele, o mesmo Brasil que afaga ditadores mundo afora apedreja o vizinho paraguaio que teria agido dentro do que previa a sua Constituição ao destituir Fernando Lugo de seu mandato presidencial no dia 22 de junho.
Segundo o líder do PSDB, nos últimos oito anos o Brasil estreitou laços com pelo menos 15 ditaduras do mundo: Angola, Arábia Saudita, Congo, Egito, Gabão, Guiné Equatorial, Cazaquistão, Irã, Líbia, Síria, Burkina
Faso, Catar, Vietnã, China e Cuba.
- Enquanto isso, apedreja um país vizinho, o Paraguai, que, com base na sua Constituição, decidiu sobre o seu próprio destino - comparou.
Alvaro Dias comentou a aproximação do Brasil com alguns presidentes latino-americanos e de outros continentes. Disse que o boliviano Evo Morales ocupou militarmente instalações da Petrobrás e recebeu “afagos” como o financiamento pelo BNDES de uma polêmica estrada.
- A Bolívia legaliza automóveis roubados no Brasil e produz, com o patrocínio do governo, boa parte da cocaína consumida pelos jovens brasileiros – acusou Alvaro Dias.
Também citou o presidente do Equador, Rafael Correa, a quem denominou “uma réplica do colega venezuelano [Hugo Chávez] no estilo autoritário” e protagonista de violações aos direitos humanos. De acordo com Alvaro Dias, as políticas de Correa transformam o Equador num dos países mais restritivos à liberdade de imprensa e que recebe, no entanto, financiamento privilegiado do BNDES para obras.
Por fim, acusou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de governar por decretos, amordaçar a imprensa e ter “tratamento afetuoso e privilegiado como marca da autuação da política externa brasileira”. Para Alvaro Dias, o apoio ostensivo e irrestrito recebido do Brasil se traduz na chegada da Venezuela ao Mercosul. Ele criticou o ingresso daquela nação sem o aval do Paraguai, um dos membros, exatamente na fase em que se encontra afastado temporariamente, embora não tenha sido excluído.
- A decisão do bloco de promover o ingresso da Venezuela sem o Paraguai é questionável e o ministro [das Relações Exteriores], Antônio Patriota, será indagado pela Comissão de Relações Exteriores sobre a conveniência e a legalidade da inserção da Venezuela no Mercosul.
O líder do PSDB também citou os laços do governo brasileiro com os irmãos Fidel e Raul Castro, de Cuba, com o ex-presidente líbio Muamar Kadafi (1942-2011) e com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
03/07/2012
Agência Senado
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