Alvaro Dias contesta Lula e mostra a crise em números



Em comentário à afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que não existe crise em seu governo e que os adversários estão criando uma situação de aparente instabilidade com objetivos eleitorais, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que a crise existe sim e pode ser comprovada pelos dados do próprio governo. A declaração de Lula foi feita na manhã desta segunda-feira (29), em São Caetano do Sul, na fábrica da General Motors, durante a entrega de 350 viaturas para Polícia Rodoviária.

- De que adianta o discurso do Lula, do Meirelles [Henrique Meirelles, presidente do Banco Central] e até do Palocci [Antonio Palocci, ministro da Fazenda] diante desse cenário de total incompetência de gestão administrativa? - questionou.

Alvaro Dias apresentou dados do Orçamento da União, mostrando que apenas 0,8% dos recursos previstos para 2004 foi executado no primeiro trimestre, sendo que em sete ministérios os investimentos tiveram execução zero. O senador comparou o montante gasto com investimento e o valor da primeira prestação do novo avião Air Bus comprado por Lula para servi-lo nas viagens.

- Os valores [em investimento] pagos somaram R$ 109 milhões. Se forem descontados os R$ 46,9 milhões da prestação do novo avião de Lula, sobram R$ 62 milhões para investimentos em todos os ministérios. O pagamento das prestações do novo avião presidencial consumiu três de cada quatro reais investidos pelo governo federal neste ano até o último dia 11 de março - acrescentou.

Alvaro Dias enfatizou que, até o início de março, nenhum centavo foi liberado dos R$ 15 milhões previstos no Orçamento de 2004 para o programa de Fomento à Geração de Trabalho e Renda. No Ministério dos Transportes, estavam intactos os R$ 596 milhões reservados para restauração de rodovias. Situação idêntica vive o Ministério das Cidades, onde R$ 182 milhões ficaram intocados.

Para Alvaro Dias, a paralisia do governo, negada por Lula, pode ser constatada na queda de captação de recursos externos, de US$ 1,8 bilhão, em janeiro, para US$ 50 milhões até 25 de março; no fluxo de investidores estrangeiros na Bovespa, que deve encerrar o mês com saldo negativo, pela primeira vez desde maio de 2003; no aumento do risco Brasil em relação a outros países emergentes; no aumento de 50% no número de falências e concordatas; na interrupção na venda de Letras do Tesouro Nacional e no agravamento após o escândalo Waldomiro; e na fuga de capitais liderada por investidores brasileiros, segundo analistas.

Na avaliação do senador pelo Paraná, as pesquisas de opinião pública divulgadas no final de semana e na manhã de segunda atestam a queda de popularidade de Lula e de aprovação do governo federal, o que, na sua avaliação, é reflexo da crise que atinge o governo federal. As declarações do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, de intensificar as invasões em abril, também atestam a existência de uma crise no Executivo federal.

O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) ressaltou "a alienação, o autoritarismo e a subestimação do país" empregados pelo governo Lula.

- Por que razão todo o país se mostra preocupado e o presidente iluminado diz que não existe crise? No tempo da ditadura, os generais iam ao Nordeste e anunciavam objetivos grandiosos, obras fantásticas, valores impensáveis e ninguém acreditava naquilo - alertou.



29/03/2004

Agência Senado


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