Alvaro Dias critica decisão do ministro da Saúde de retirar Multimistura da merenda escolar
Baseado em reportagem da revista Istoé, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) fez um apelo nesta quinta-feira (25) ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para que reveja a decisão de substituir o farelo nutricional criado pela pediatra Clara Brandão, conhecido como Multimistura, por produtos industrializados no Programa de Suplementação Alimentar, que abrange a merenda escolar e beneficia crianças subnutridas. Os produtos industrializados são o Mucilon, da Nestlé, e a Farinha Láctea, da Nestlé e da Procter & Gamble.
Segundo a reportagem do jornalista Hugo Marques, há duas semanas foi cortada a energia elétrica da sala ocupada pela pediatra Clara Brandão no Ministério da Saúde. "Já me avisaram que agora estou clandestina dentro do governo", teria dito a pediatra. Clara Brandão vem lutando para que a Multimistura não seja retirada da merenda escolar e que seja adotada oficialmente pelo mesmo governo que comemorou a redução de 13% nos óbitos de crianças entre os anos de 1999 e 2004, período em que a Multimistura tinha se propagado para todo o país.
Alvaro Dias disse que, desde 1973, a Dra. Clara Brandão já levou sua Multimistura para quase todos os municípios brasileiros, com a ajuda da Pastoral da Criança, conseguindo reduzir as taxas de mortalidade infantil e ajudando o Brasil a cumprir as Metas do Milênio. Ele observou que o composto tem até 20 vezes mais ferro e vitaminas C e B1 em relação à comida distribuída nas merendas escolares que utilizam produtos industrializados. Além disso, a merenda com produtos industrializados fica até 121% mais cara.
- Em 1984, a Unicef já registrava o aumento de 220% no padrão de crescimento dos subnutridos, graças à introdução da Multimistura nas refeições. Durante a Conferência Nacional de Saúde de 2003, com a presença de mais de quatro mil delegados de todo o Brasil, a Multimistura foi uma das propostas aprovadas na plenária. A gestão do então ministro Humberto Costa ignorou por completo a deliberação. Precisamos descobrir o que há por trás disso - disse o senador.
O senador lembrou que a Dra. Clara ouviu do próprio ministro José Gomes Temporão que, a despeito da aprovação da Conferência Nacional de Saúde, o Ministério da Saúde não era obrigado a implementar o programa de suplementação alimentar baseado no composto da Multimistura. Dias afirmou que os critérios que norteiam a formulação de políticas públicas, especialmente na área de Segurança Alimentar, devem ser submetidos a rigoroso exame da sociedade organizada e do Senado Federal.
O senador Edison Lobão (PMDB-MA) disse, em aparte, que as informações apresentadas por Alvaro Dias e pela revista IstoÉ vão ajudar o ministro José Gomes Temporão a rever sua decisão. Lobão observou que é preciso prestigiar a criatividade e o esforço dos cientistas brasileiros.
25/10/2007
Agência Senado
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