Alvaro Dias diz que governo 'escamoteia a realidade' para mostrar diminuição da pobreza



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), em discurso nesta quarta-feira (13), criticou o governo por fazer "mágica" com o objetivo de "escamotear a realidade" para mostrar a diminuição da pobreza. Lembrou que o governo explorou positivamente resultados de pesquisa revelando a redução da pobreza no Brasil com o conseqüente aumento da classe média, à qual pertenceria 42% da população quando, afirmou, não houve grandes alterações de natureza social no país.

- As estatísticas foram trabalhadas para que a fotografia sofresse alteração significativa. Passou-se a considerar classe média a família que recebe até 1.100 reais por mês. Obviamente, uma família com três pessoas ou mais recebendo 1.100 reais mensalmente não se pode considerar de classe média - disse o senador.

Para contestar os números, que ele considerou "contraditórios", Alvaro Dias citou estudo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) afirmando que a inflação mundial de alimentos pode conduzir mais de 6,1 milhões de brasileiros para a pobreza absoluta, e que se os preços dos alimentos continuarem se elevando, o percentual de brasileiros abaixo da linha da pobreza saltará de 28,3% para 31,5%.

- Pelos cálculos em toda a América Latina, mais de 26 milhões de pessoas poderão atingir a pobreza extrema - disse, destacando que os preços dos alimentos se elevaram em 68% entre janeiro de 2006 e março deste ano.

O conceito dos políticos

Alvaro Dias também comentou a pesquisa Vox Populi realizada esta semana indicando que, para 85% da população brasileira, os políticos operam em causa própria. O estudo foi elaborado a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pela Associação dos Magistrados Brasileiros. Para o senador, o perigo de tal resultado é a generalização, que é "burra, injusta e não contribui para melhorar as instituições públicas brasileiras".

- Não tenho dúvida de que a maioria reconhece existir políticos honestos e que procuram exercitar sua função pública com lealdade e respeito aos compromissos assumidos com a população do país - disse.

Para o senador, só resta aos parlamentares "continuar defendendo uma postura ética no exercício do mandato e proclamando a necessidade de adotar uma posição de afirmação, como instituição, para recuperar credibilidade", e isso inclui abandonar a postura subserviente do Legislativo, especialmente em relação à análise das medidas provisórias, que constantemente estão sobrestando a pauta do Plenário.



13/08/2008

Agência Senado


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