Alvaro Dias diz que governo está sem rumo, acuado e dividido



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) acusou o governo de ceder às pressões de aliados e abandonar mais uma promessa de campanha - a reforma política - e de atentar gravemente contra a ética, ao sabotar a instalação das CPIs dos Bingos e do Waldomiro Diniz.

- É uma afronta à ética, à Constituição, ao Regimento Interno do Senado, cometida por um governo acuado, paralisado e sem rumo - disse o senador.

Alvaro Dias afirmou que os investimentos externos já fogem do Brasil, por total falta de confiança nas autoridades econômicas.

- Há uma cizânia na equipe econômica; a divisão entre os ministros do governo é pública, e demonstra desarmonia - disse o senador, acrescentando que um grupo alinhado com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, defende a manutenção da atual política econômica, enquanto outro, "em tese, desenvolvimentista", trabalha na direção contrária, atuando nos bastidores.

O senador paranaense considerou "um escárnio" e "um insulto à inteligência do povo brasileiro" a declaração do ministro do Planejamento, Guido Mantega, de que não pode jurar se o crescimento será de x ou y, mas que será certamente maior do que no ano passado. - Ora, no ano passado tivemos recessão, o pior desempenho econômico desde o impeachment de Fernando Collor de Mello - lembrou o senador.

Alvaro Dias disse que o Brasil devia seguir o exemplo da Argentina, em que o presidente Nestor Kirchner enfrentou "com coragem e responsabilidade" o FMI, conseguindo um acordo favorável.

- Não devemos esperar cortesias do FMI, porque 72% das operações do órgão concentram-se no Brasil, na Argentina e na Turquia, e isso é uma garantia de que o monitoramento do FMI sobre a nossa economia será ainda pior - alertou.

Em aparte, o senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO) disse que o boicote às CPIs promovidos pelo governo empobrece a vida política brasileira e pediu a aprovação de projetos de resolução dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Marcelo Crivella (PL-RJ) que obrigam o presidente do Senado a indicar membros de CPIs, quando as lideranças se recusarem a fazê-lo, como no caso atual.

O senador César Borges (PFL-BA), também em aparte, criticou a gestão da economia brasileira e disse que "não se pode acreditar neste governo".





10/03/2004

Agência Senado


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