Alvaro Dias diz que procurador-geral não deve ser convocado a comparecer à CPI
Em entrevista nesta quinta-feira (10), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse ser contrário ao comparecimento, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Alguns parlamentares defendem a ida de Gurgel à CPI para que ele explique por que não pediu abertura de inquérito quando recebeu, em 2009, relatório da Polícia Federal com os resultados da operação Vegas, que podem acabar sendo enviados à comissão por via escrita ou oral.
Alvaro Dias frisou que o procurador-geral da República “já respondeu pela imprensa” e que “não há nenhuma razão para convocá-lo, para questioná-lo”, uma vez que Roberto Gurgel “está cumprindo o seu dever”.
- Se não cumprisse, Cachoeira não estaria preso, e essa CPI não existiria – afirmou.
O senador disse que cabe ao procurador-geral da República denunciar “os criminosos que estão sendo investigados”, e não ser ele o próprio investigado ou testemunha.
- Portanto, nós temos que respeitar a instituição Ministério Público, preservar o procurador, que será responsável pela denúncia dos criminosos que forem apanhados pela CPI – afirmou.
Alvaro Dias participou da reunião da CPI nesta quinta-feira (10), quando foi ouvido o delegado Matheus Mella Rodrigues, da Polícia Federal, que participou das investigações que resultaram nas denúncias contra o empresário Carlinhos Cachoeira, acusado de chefiar um esquema criminoso que operava não apenas com jogos ilegais, mas também com tráfico de influência, corrupção e escutas ilegais.
O senador disse que é preciso que a comissão apure com profundidade até mesmo as relações de promiscuidade que se verifica entre o Poder Público, a empresa Delta e suas coadjuvantes fantasmas que recebiam aportes de recursos significativos.
- Esse é a grande investigação; esse, o grande desafio. A CPI tem que assumir inclusive essa responsabilidade – afirmou.
O parlamentar disse ainda que defende a convocação dos governadores citados nas investigações que deram origem à comissão. Ele sugere que os requerimentos de convocação dos governadores sejam aprovados em bloco, em única deliberação, “para demonstrar imparcialidade”.
Alvaro Dias afirmou ainda que à CPI resta assumir uma posição quase de consenso, ao subscrever requerimento em que ele pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revogação do segredo de Justiça das denúncias em análise na comissão.
- Não há mais razão para segredo de Justiça. Os fatos são relevantes, há interesse público. O correto agora é respeitar a sociedade brasileira, revogando o segredo de Justiça. Esse segredo não interessa ao povo brasileiro – afirmou.
Alvaro Dias acredita que o requerimento deve ser votado no próximo dia 17 na CPI, data em que o colegiado tomará os depoimentos dos procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveira, cujo trabalho de investigação resultou na prisão de Carlos Cachoeira, em fevereiro de 2012.
Ao ser questionado sobre a eventual existência de um “plano B” diante da possibilidade de Carlinhos Cachoeira ficar calado em seu depoimento na comissão, na próxima semana, Alvaro Dias respondeu:
- Se ficar calado, vamos expor as denúncias existentes contra ele. O silêncio muitas vezes fala mais alto, é comprometedor. Tudo isso pesa contra ele. Ficar calado também o condena – afirmou.
Quanto a Fernando Cavendish, o senador enfatizou que o ex-proprietário da Delta “tem que ser convocado, não há como excluí-lo das investigações”.
10/05/2012
Agência Senado
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