Alvaro Dias: juros pagos na era Lula já chegaram a R$ 1,2 trilhão e governo tem 'dívida paralela' de R$ 500 bilhões
Usando palavras como "surrealista", "paraíso dos banqueiros" "irresponsabilidade" e "bomba de efeito retardado", o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou em discurso que a dívida pública brasileira já exigiu, nos sete anos do governo Lula, o pagamento de R$ 1,26 trilhão só de juros.
Álvaro Dias considerou o número "um absurdo", especialmente porque os gastos com educação ficaram em R$ 149 bilhões, enquanto a saúde recebeu R$ 310 bilhões e os investimentos da União apenas R$ 93 bilhões. Lembrou que os gastos do governo Lula com o Bolsa Família, nos sete anos, ficaram pouco acima de R$ 50 bilhões. Enquanto isso, comparou, os lucros dos 100 maiores bancos do país, nos sete anos do governo Lula, somaram R$ 127,8 bilhões.
O senador paranaense denunciou que o governo vem alimentando "uma assombrosa dívida paralela", não contabilizada pelo Tesouro Nacional, administrada pelo Banco Central, e que somava em outubro passado R$ 500 bilhões. Explicou que o governo chama essa dívida de "operações compromissadas", onde o Banco Central oferta títulos de até seis meses ao mercado para enxugar a liquidez, ou seja, retirar dinheiro da economia.
Essa "dívida paralela", quando somada aos R$ 2 trilhões da dívida pública bruta interna, conforme Álvaro Dias, ultrapassa os R$ 2,5 trilhões. Observou, no entanto, que o governo emprega o critério de "dívida líquida" para anunciar seus números, o que exclui não só a "dívida paralela" como também transferências do orçamento federal para a Petrobras, o BNDES e a Caixa Econômica Federal.
O senador afirmou que se trata de "uma esperteza para acobertar o real volume da dívida pública brasileira", observando que "vários organismos internacionais" só trabalham com o conceito de dívida pública bruta. A dívida mobiliária (em títulos) do governo, informada pelo Tesouro Nacional, estava no final de 2009 em R$ 1,49 trilhão, lembrou o senador.
- O crescimento da dívida pública brasileira é uma espécie de bomba relógio de efeito retardado que pode explodir no colo do próximo presidente da República. Não há como ignorar essa herança que restará para o futuro governo - disse.
O senador tucano afirmou que tocava no assunto para "convocar" os candidatos à Presidência da República a debater "esse tema árido, mas da maior importância para o futuro dos brasileiros". Para ele, o próximo presidente, seja qual for, terá de "adotar providências drásticas para evitar que esta bomba de efeito retardado venha a explodir".
- No curto e no médio prazos, não existe perigo de insolvência para a dívida interna bruta. Mas, no longo prazo, se medidas corajosas e até impopulares não forem adotadas, a deterioração fiscal será paga pelo velho tripé: contribuintes, consumidores e trabalhadores. É viver para ver - manifestou.
20/04/2010
Agência Senado
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