Alvaro Dias: Lula instituiu um 'bolsa combustível' em ano eleitoral



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou em discurso que "não há como não suspeitar" da intenção do presidente Lula por ter assinado decreto nesta semana concedendo o que ele chamou de "bolsa combustível" para funcionário comissionado federal que usar o carro próprio ao trabalhar. O auxílio será de no máximo de R$ 327 por mês e a chefia do funcionário terá de atestar que ele teve que se deslocar para trabalhar.

- Por que só agora? Por que no mês de março do ano da eleição? Não seria uma medida eleitoreira? Por que só agora, no oitavo ano de governo? O objetivo não seria abastecer os veículos dos governistas de confiança na campanha eleitoral? Não há como não suspeitar dessa decisão do presidente da República. Não há como não considerar essa medida desonesta - disse o senador paranaense.

Alvaro Dias ponderou ser necessário "buscar alguma providência jurídica para impedir que isso se faça em ano eleitoral". Para ele, a crítica não se deve unicamente ao valor da indenização, que exigirá dos cofres federais R$ 25 milhões por mês, mas sim "pela exigência ética no trato da coisa pública".

Bancoop

O senador também criticou o governo por tentar "desconvocar", na CPI das Organizações Não Governamentais (CPI das ONGs), do Senado, o depoimento do tesoureiro do PT João Vaccari Neto, ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). A Bancoop é investigada pelo promotor João Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, segundo o qual desvios de dinheiro na instituição financiaram campanhas do PT, prejudicando os cooperativados.

- Esse expediente da desconvocação é inusitado no Parlamento. É mais um procedimento que achincalha o Legislativo. Isso é imoral. Este governo termina, mas e se o próximo gostar disso? Vamos estabelecer o precedente de amesquinhar quem faz oposição, em neutralizar a minoria? Sobretudo, é um expediente que impedirá a transparência na atividade pública - opinou Alvaro Dias.

Em aparte, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) lamentou que o governo tenha "desmoralizado" o instituto da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), "que hoje não serve para investigar mais nada", pois a maioria parlamentar não permite sequer que sejam feitas convocações de pessoas sob suspeita. Também em aparte, o senador José Agripino (DEM-RN) lembrou que as CPIs "são um mecanismo das minorias para defender a sociedade", mas o governo federal vem impedindo que ele funcione. "Agora, a base do governo inventou, de forma truculenta, de desfazer o que a minoria consegue", opinou Agripino.



23/03/2010

Agência Senado


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