Alvaro Dias: política externa do governo Lula contraria tradição democrática brasileira



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou, em discurso no Plenário, que a política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva é equivocada, com preponderância da ideologia sobre a diplomacia e contraria a tradição diplomática brasileira de respeito aos direitos humanos, prejudicando a imagem do país no exterior. Ele fez a afirmação ao comentar audiência pública com o chanceler Celso Amorim, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, nesta terça-feira (6).

O parlamentar classificou como disfunções da política externa brasileira a postura assumida pelo país em contraste com outros 25 países favoráveis à resolução da Agência Internacional de Energia Atômica que condenou o Irã por enriquecer Urânio em segredo. O senador lembrou que o Brasil se absteve nessa questão, juntamente com Paquistão, Afeganistão, Turquia, Egito e África do Sul, enquanto Venezuela, Cuba e Malásia votaram contra a resolução.

- Ao analisar esse fato pontual temos condições de verificar de que lado está o Brasil com a política diplomática que vem adotando no concerto internacional. Quais são os países parceiros do Brasil? A postura do governo brasileiro quanto ao programa nuclear do Irã é dúbia e reitera equívoco anterior no tocante às eleições naquele país - disse o senador, ao falar do desrespeito aos direitos humanos logo após a vitória de Ahmadinejad, que reprimiu as manifestações contrárias ao regime.

Alvaro Dias manifestou preocupação também com viagem do presidente Lula ao Irã, prevista para maio. Ele assinalou que, "enquanto o presidente iraniano é rechaçado pela comunidade internacional, Lula o reverencia e troca visitas de Estado".

O senador condenou também o silêncio brasileiro diante de atrocidades cometidas em Cuba, Irã, Sudão e Coreia do Norte e a "postura evasiva" adotada em sessão da Organização das Nações Unidas (ONU), diante das violações aos direitos humanos no Irã, na Birmânia e na Coreia do Norte.

- O país não pode isentar-se diante de agressões aos direitos humanos. Não é da tradição do povo brasileiro. O país sempre reagiu a esse tipo de comportamento - frisou.

Alvaro Dias disse que a oposição se preocupa com as consequências da política externa brasileira, e que esta preocupação motivou o convite ao ministro Celso Amorim para que comparecesse à CRE nesta terça-feira.

América Latina

O senador também criticou a "postura condescendente do Brasil com os desmandos de Evo Morales", na Bolívia. Ele lembrou que, enquanto o Exército boliviano invadia as refinarias da Petrobras, Lula referia-se a Evo Morales como "irmão" e "vizinho menos favorecido". Ele também criticou o apoio do Brasil a Hugo Chávez, na Venezuela, e ao seu "regime autoritário". Fez referência também à exigência, pelo presidente do Equador de revisão da dívida externa daquele país com o BNDES; do abrigo dado pelo Brasil ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya; e à não-condenação das Farc pelo Brasil, entre outros temas em que o país, em sua opinião, atuou de forma contrária a suas tradições e seguindo a ideologia petista.

- A presença do ministro Celso Amorim não elimina os equívocos. O tempo dirá quais foram os acertos e quais foram os equívocos da política do presidente Lula - apostou o parlamentar.



06/04/2010

Agência Senado


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