Alvaro Dias rebateu discurso da ministra Dilma e pediu o fim da mistificação e das meias verdades



"Chega de tergiversação, de mistificação e de meias verdades". Esse foi o tom do pronunciamento do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) que, na tarde desta segunda-feira (22), confrontou vários pontos do discurso que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pronunciou no congresso do Partido dos Trabalhadores que oficializou a sua candidatura à Presidência da República. Ele advertiu que não será através da mentira que as conquistas dos governos anteriores serão sepultadas.

No entendimento do senador pelo Paraná, o congresso do PT foi um "espetáculo eleitoral" que afrontou a legislação em vigor. Alvaro Dias lembrou que há mais de um ano, quando anunciou a candidatura de Dilma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "passou a cavalgar a máquina pública" em campanha eleitoral por todo o país. Ele disse que os detentores do poder têm se julgado acima do bem e do mal e se sentido desobrigados de cumprir a legislação.

- O discurso da ministra explica o sentimento que tomou conta dos subordinados do presidente Lula, que foi alçado ao patamar de líder e mestre condutor do caminho. O tom do discurso ditado pelo marketing consagra a mistificação e insiste na fraude histórica, a obra de um líder. Diz a ministra, a candidata: 'a obra de um líder, meu líder, de quem muito me orgulho, Luiz Inácio Lula da Silva' - descreveu Alvaro Dias.

Outra constatação feita por Alvaro Dias foi que no discurso de Dilma o ano de 2003, quando Lula assumiu a Presidência, passou a ser o marco zero para o Brasil. Nada de bom teria existido antes. Tudo seria obra do "grande mestre, o condutor do caminho", segundo a candidata petista. Além de se apropriar de conquistas de governos anteriores, na avaliação do senador, a verdade também foi falsificada.

Alvaro Dias ilustrou a falsificação da realidade citando uma frase do discurso da ministra: "milhões de homens e mulheres, com seus arados e tratores, cultivando a terra que lhes pertence e de onde nunca mais serão expulsos". O senador comparou que a verdade da reforma agrária brasileira é outra. Hectares distribuídos aleatoriamente e os assentados abandonados à própria sorte. Ao invés da paz, a violência campeia no campo de vários estados.

Para o senador pelo PSDB, através da desconstrução o PT tenta aniquilar e pulverizar qualquer conquista anterior. Alvaro Dias comentou que o discurso de Dilma fez crer que antes de Lula o Brasil era um país "mergulhado em um subdesenvolvimento atroz" onde imperava uma ditadura. A democracia e conquistas básicas como energia elétrica teriam sido obtidas apenas na administração petista. Mais: a ministra teria dito que em um governo seu a corrupção seria combatida com todos os mecanismos institucionais, "como fizemos até agora".

- Combater a corrupção? Mas onde está o combate a corrupção? Os 'mensaleiros', muitos deles, passeavam sorridentes no congresso do PT. Quais foram as providências governamentais em relação ao escândalo de corrupção do 'mensalão' no ano de 2005? É combater a corrupção amordaçar CPIs para que não investiguem? É combater a corrupção limitar a capacidade de fiscalizar do Tribunal de Contas da União? Para ser sincera a ministra deveria afirmar, com o vigor de sua voz: 'transformarmos o Brasil no paraíso da corrupção'. Essa é a realidade - declarou Alvaro Dias.

Em aparte, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) confessou que ficou chocada quando Dilma falou que o interior do país era iluminado por candeeiros sem citar que o programa Luz de Todos era apenas uma continuação do Luz no Campo, implantado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Já Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) opinou que Lula, por considerar-se acima do bem e do mal, tem aversão à oposição e à imprensa investigativa.



22/02/2010

Agência Senado


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