Amaral: país precisa aperfeiçoar instituições para acabar com violência contra a mulher



O senador Valmir Amaral (PMDB-DF) condenou o machismo da sociedade brasileira e pediu o aperfeiçoamento do Judiciário, do sistema educacional, de saúde e de segurança para que a violência contra a mulher seja amenizada e superada no Brasil. Segundo ele, toda a sociedade beneficia-se quando a mulher tem melhores oportunidades.

- Mulheres educadas tendem a conduzir melhor suas vidas e têm mais chances de libertarem-se da tirania da violência - afirmou o senador.

Amaral relatou que, no Brasil, a cada quatro minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar. As agressões, disse, podem ser explícitas ou camufladas e, em 70% dos casos, são cometidas pelo próprio marido. O senador destacou ainda a violência psicológica que pode trazer graves conseqüências para a saúde da mulher.

- A violência contra a mulher está arraigada nos hábitos e costumes. As próprias mulheres encontram dificuldade em romper o silêncio por, entre outras coisas, acreditarem que seus companheiros têm direito de puni-las se acham que elas infringiram as normas que eles determinaram. Sob o domínio do medo, elas não denunciam, não procuram ajuda, sofrem caladas até que um fato, geralmente trágico, venha revelar a situação - declarou .

O senador apontou ainda que a violência contra a mulher tem graves implicações não apenas para as vítimas, mas também para o exercício da cidadania e dos direitos humanos e para o desenvolvimento socioeconômico dos países. Ele citou dados de estudo do Banco Mundial segundo o qual o problema compromete 14,6% do Produto Interno Bruto na América Latina e 10,5% no Brasil.

Na opinião de Amaral, a situação do país não é das melhores, pois a sociedade machista ajuda a perpetuar e até a legitimar a violência contra a mulher, a ponto de a Organização dos Estados Americanos (OEA) ter condenado o Brasil por não haver punido até hoje um homem que, em 1983, tentou matar sua mulher e a deixou paraplégica. A OEA manifestou o entendimento de que se trata "de uma questão de tolerância de todo o sistema que alimenta a violência contra as mulheres e não há nenhuma evidência da vontade do Estado, como representante da sociedade, em punir esse crime".

- As burkas (vestes das mulheres na sociedade dos talibãs, no Afeganistão) oprimem as mulheres em todos os cantos do planeta e não são impostas somente por algumas religiões exóticas. Também entre nós, ocidentais e cristãos, a violência contra a mulher se manifesta, mesmo que, às vezes, sob formas sutis e insidiosas, toleradas pela indiferença e a complacência da sociedade - concluiu.

18/12/2001

Agência Senado


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