Amir Lando decide dividir investigação "em dois blocos"
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPI) dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), já traçou o modelo operacional das investigações da "máfia das ambulâncias". A comissão atuará em dois blocos: o que chamou de "arquitetura do processo", isto é, a compra fraudulenta das ambulâncias com recursos do orçamento da União e a participação dos diversos atores; e a análise do que chamou de "ciclo orçamentário", ou seja, a teia de ações e relações que se estabelecem quando da apresentação e aprovação de emendas individuais e coletivas.
- Desde a CPI dos anões [anos 90], verificamos que o processo do orçamento está sujeito a fraudes. Precisamos mudar isso, sob pena de termos de instalar novas CPIs - receitou Lando.
O senador disse que nomeará um sub-relator para cada bloco. Eles serão os dois únicos sub-relatores temáticos. Os demais ficarão encarregados de reunir e analisar dados sobre a atuação específica dos parlamentares nas fraudes. A CPI já conta com um relator de sistematização, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), responsável por coordenar o trabalho dos demais sub-relatores.
Sampaio deverá receber, ainda nesta terça, cópias dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) contra 42 dos 57 indiciados por aquela Corte. O conteúdo dos inquéritos relativos aos primeiros 15 indiciados já se encontra em poder da CPI.
Lando prometeu que seu relatório ficará pronto até o dia 18 de agosto, mas que fará um esforço para que seja apresentado antes desse prazo, talvez ainda na primeira semana de agosto. Se ao final desse período não ficar esclarecida a participação de alguns dos suspeitos - até agora há 57 notificados - o relatório sugerirá o aprofundamento das investigações. O vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), lembrou que a comissão poderá continuar funcionando depois da apresentação do relatório até dezembro. Entre 18 de agosto e as eleições de outubro, a CPI não trabalhará.
- Atuaremos em cima de provas e indícios, sem qualquer carga política ou revanche - disse Lando.
Além da escolha de sub-relatores, a CPI se dedicará nos próximos dias a examinar o teor dos inquéritos do STF e o depoimento do chefe do esquema dos sanguessugas, Luiz Antonio Trevisan Vedoin, à Justiça de Mato Grosso. A oitiva do empresário que estava marcada para a próxima terça-feira (25) foi desmarcada.18/07/2006
Agência Senado
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