AMORIM DEFENDE ALONGAMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA



Inconformado com o rumo da política econômica brasileira, o senador Ernandes Amorim (PPB-RO) disse que chegou o momento de o governo instituir o confisco e o empréstimo compulsório sobre os credores da dívida pública, "com prazo e juro que forem convenientes ao governo e não ao mercado", para amenizar o ajuste fiscal. O senador reconhece que a medida tem conseqüências negativas, mas observou que "tem que ser colocada na mesa porque é uma possibilidade legal, prevista na Constituição". .
O senador ressaltou que os objetivos fiscais e toda a política econômica, que, a seu ver, sacrifica o povo brasileiro, tem como única meta assegurar a liquidez aos credores da dívida pública, "que recebem as mais altas taxas de juro do mundo em nome de um risco que ninguém vê acontecer". .
Amorim citou notícias publicadas na imprensa segundo as quais o governo irá adotar medidas com o objetivo de alongar os prazos de vencimento da dívida pública, lembrando que hoje o prazo médio dos títulos do governo federal é de 11 meses. .
- A cada 11 meses se efetua a rolagem de R$ 400 bilhões. Então, nesse prazo, qualquer abalo momentâneo é refletido nos juros ou na taxa cambial, e, além disso, 60% da dívida é pós-fixada e 26% variam com o dólar. A equipe econômica quer diminuir o percentual da dívida pós-fixada, à medida que melhorar o desempenho das contas públicas, mas não vejo a questão assim. Não estou a serviço dos investidores - disse. .
Para o senador, há uma inversão de valores, uma vez quem tem a medida de força não é o mercado, é o governo. .
- Não podemos admitir ficar aqui fazendo reformas, uma atrás da outra, aumentando impostos, diminuindo salários, cortando aposentadorias, facilitando importações, dificultando exportações, tudo apenas para beneficiar o pagamento de juros extorsivos - desabafou o senador, frisando que é hora de o mercado financeiro ceder em sua sede voraz de lucro e negociar condições favoráveis para o alongamento da dívida pública, o que permitiria o crescimento econômico e, então, as condições para o pagamento da dívida.

04/11/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


CAE VOTA ALONGAMENTO DE DÍVIDA DA PETROBRAS

ERNANDES AMORIM DEFENDE MUNICIPALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA

Eduardo Amorim defende aprovação de PEC que fortalece Defensoria Pública

Valter Pereira defende redução dos juros no alongamento das dívidas dos municípios com o INSS

Tarso Genro defende troca dos indexadores da dívida pública dos estados

Amorim: dívida do Equador com o BNDES é irrevogável