Ana Amélia alerta para processo de desindustrialização no Brasil




A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) disse nesta terça-feira (12) que o bom momento da economia brasileira tem escondido um processo de desindustrialização acelerado e o alto endividamento dos consumidores brasileiros. Ela lembrou que, nos últimos oito anos, o crescimento econômico do Brasil foi o menor entre os países integrantes do grupo chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

- Enquanto a média do crescimento da China nesse período foi de 10,95%; a da Índia, 8,2%; e da Rússia, 4,8%, nós crescemos, em média, somente 4%. Neste ano, o Brasil continua segurando a lanterna do crescimento entre os Bric, só que agora dividindo a posição com a Rússia - observou.

Ana Amélia assinalou que o resultado da balança comercial brasileira vem diminuindo desde 2007 e atualmente está na faixa dos US$ 20 bilhões, resultado que é garantido pela exportação de commodities e produtos industrializados de pequeno valor agregado, que já representam 71% da pauta. Ela acrescentou que, em 2010, a balança comercial da indústria brasileira registrou um déficit de US$ 37 bilhões.

- Quando exportamos commodities ou bens de baixo valor agregado e importamos produtos industrializados, estamos exportando empregos que irão gerar renda e bem estar em outros países. A participação desse setor na composição do PIB caiu de 36% em 1984 para 15% em 2010. A indústria já foi responsável por 30% dos empregos brasileiros (1985) e hoje responde por apenas 17,4% dos postos de trabalho - alertou.

O senador Armando Monteiro(PTB-PE) disse, em aparte, que o Brasil vive sim o risco de um processo de desindustrialização que preocupa a médio prazo por não estar sendo claramente percebido. Ele sugeriu que o país pense num rearranjo macroeconômico, envolvendo a taxa de juros e o câmbio. Ele também defendeu um regime fiscal mais responsável. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) concordou com Ana Amélia e Armando Monteiro e defendeu o início de uma nova fase na economia brasileira. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que a economia brasileira vai bem, mas não está bem.

Ana Amélia também parabenizou a presidente da República, Dilma Rousseff, por determinar que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não mais financiasse a fusão dos supermercados Pão de Açúcar e Carrefour "operação de duvidoso futuro jurídico porque os sócios já estão brigando e seria danoso para o país".

- Esse gesto da presidente resgata a credibilidade do governante que tem compromisso com a defesa do interesse nacional - afirmou.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse, em aparte, "não havia lógica em gastar R$ 4 bilhões numa operação como essa". O senador Wellington Dias (PT-PI) também concordou. O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) disse que o povo de Santa Catarina ficou espantado com a autorização dada pelos senadores para que o BNDES gastasse R$ 4 bilhões para a fusão. "Isso não pega bem", disse.



12/07/2011

Agência Senado


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