Ana Amélia Lemos quer melhorar credibilidade do Parlamento, defender setor produtivo e discutir pacto federativo



Eleita senadora com 3,4 milhões de votos, a jornalista Ana Amélia Lemos (PP-RS) estreia na política com a preocupação de recuperar a credibilidade do Congresso, defender os interesses do setor produtivo e rediscutir o pacto federativo no que diz respeito à distribuição de receitas. Ela diz que defenderá as demandas do Rio Grande do Sul e colaborará com o governador eleito Tarso Genro (PT), bem como com o futuro presidente da República nas questões de interesse coletivo.

Para Ana Amélia, o Senado deve recuperar a sua imagem, abalada com o escândalo dos atos secretos e por alguns "descuidos" na gestão da Casa. Também o excesso de Medidas Provisórias (MPs) editadas pelo Executivo, na sua avaliação, compromete o bom funcionamento do Congresso Nacional. Em suas palavras, o equilíbrio entre os poderes demonstra a maturidade e a solidez da democracia.

- Foram feitas alterações nesse rito legislativo [das MPs], mas é preciso avançar mais no sentido de dar ao Parlamento mais voz e vez para que represente bem os anseios da sociedade brasileira. No que depender de mim, estarei comprometida com esse propósito e com uma gestão austera em relação ao meu próprio mandato. A respeitabilidade do Senado começa pela respeitabilidade de cada senador. De minha parte, não admitirei atos secretos, funcionários fantasmas, nepotismo e recebimento de verbas indevidas - garante Ana Amélia Lemos.

Produção

Ela também quer dar continuidade ao trabalho do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), cujo mandato termina em dezembro, especialmente no que diz respeito à melhoria da logística gaúcha, aos acordos com o Mercosul e à defesa da vitivinicultura gaúcha. Ela disse as demandas do setor produtivo de alimentos, base da economia gaúcha, também receberão atenção especial.

Questões ligadas ao municipalismo preocupam Ana Amélia. A senadora defende melhor distribuição do arrecadado em impostos para os municípios, por serem eles os responsáveis, em grande parte, pela prestação dos serviços à população. Ela observou que, após a Constituição de 1988, as competências dos municípios foram aumentadas, mas as receitas não cresceram na mesma proporção das responsabilidades. A senadora informou que do total de impostos arrecadados, a União fica com 60%, os estados com 25% e os municípios com 15%, o que ela considera injusto.

- O cidadão não mora na União. Mora nas cidades e os serviços de que precisa são prestados, em grande escala, pelas prefeituras, hoje em sérias dificuldades financeiras. Penso que chegou a hora de examinar o pacto federativo porque essa partilha, por ser injusta, fragiliza a federação e compromete a própria democracia - observa.

Origens

Ana Amélia Lemos assume pela primeira vez um cargo político em disputa ao Senado com nomes fortes da política gaúcha - como o ex-governador Germano Rigotto (PMDB) e o senador Paulo Paim (PT). Ela ficou conhecida como comentarista de economia e de agronegócio de um dos maiores grupos de comunicação da Região Sul, a RBS. Trabalhou no grupo por mais de 30 anos e, antes de se lançar candidata, atuava como diretora da RBS em Brasília.

Iara Farias Borges e Iara Altafin / Agência Senado

14/10/2010

Agência Senado


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