Ana Júlia pede abertura de mercados a produtos agrícolas nacionais



Uma das autoras do requerimento que resultou no convite ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, a senadora Ana Júlia (PT-PA) pediu que o governo lute pela abertura do comércio internacional e pela derrubada de barreiras contra os produtos agrícolas nacionais. Para ela, somente assim o país poderá trabalhar com a perspectiva de safras crescentes e, conseqüentemente, de ampliação do saldo positivo da balança comercial.

- Como o governo pretende lutar contra as barreiras e enfrentar esse conflito do neoliberalismo? Vamos ficar no nível da contestação ou vamos ter uma política externa mais dura com relação, inclusive, à Organização Mundial do Comércio (OMC)? - questionou Ana Júlia, que se disse feliz com a aproximação da União Européia ao Mercosul, por entender que essa relação poderá trazer mais benefícios ao Brasil que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Em resposta, o ministro defendeu que o Brasil deve concentrar suas ações nos fóruns de comércio internacional pressionando pela redução do estímulo dos Estados Unidos e dos países da Europa Ocidental à produção agrícola. É esse subsídio, disse Rodrigues, que retira a competitividade dos produtos brasileiros. Ele disse entender parcialmente argumentos políticos, sociais e até culturais em defesa do protecionismo agrícola nesses países, mas defende que a proteção aos produtores deve se limitar à produção orientada ao mercado interno.

- O que não pode é que a produção gere excedente para exportação. Com altos subsídios, como nos Estados Unidos, fica fácil oferecer soja para o mundo todo - afirmou o ministro. A expectativa do ministro é que, caso o Brasil vença ação que move na OMC com finalidade de combater os subsídios, o comportamento dos países desenvolvidos com relação à produção agrícola pode ser profundamente alterado.

Ana Júlia também demonstrou-se preocupada com a transformação de pequenos proprietários, atualmente distantes da realidade das exportações nacionais, em produtores com acesso a facilidades tecnológicas e creditícias. Para ela, o ministério e o governo precisam reduzir as diferenças regionais existentes na produção agrícola do país.

- Não queremos a favelização rural. Queremos que os agricultores sejam efetivamente produtores. Por isso acreditamos em um Estado que saiba induzir a produção - declarou Ana Júlia.

Ela acredita que a inclusão de micro e pequenos produtores familiares à produção nacional vai transformar o país em uma potência agrícola -de causar medo e espanto-. Ana Júlia citou a situação de assentamento de produtores no sul do Pará, em que duas usinas de beneficiamento de leite e de arroz não funcionam por falta de energia elétrica.

O ministro disse acreditar que o melhor caminho para a inclusão dos pequenos produtores é o cooperativismo, área em que sempre atuou. Ele também lamentou que 40% da agricultura nacional não seja eletrificada.



15/04/2003

Agência Senado


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