Anatel quer observar experiência na compra de caças
O processo de definição do futuro sistema de televisão digital no Brasil - entre as opções apresentadas por Estados Unidos, Europa e Japão - poderá levar em conta a experiência obtida pelo Ministério da Defesa na escolha dos caças supersônicos que passarão a integrar a Força Aérea Brasileira. A possibilidade foi anunciada nesta terça-feira (11) pelo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Luiz Guilherme Schymura de Oliveira, durante debate promovido pela Comissão de Educação (CE).- Queremos conhecer a experiência da Aeronáutica na negociação de contrapartidas com os fabricantes - afirmou Schymura.
Os debatedores presentes à audiência pública dividiram-se entre a busca de melhores contrapartidas e a necessidade de adoção do modelo técnico mais adequado às realidades brasileiras, como o critério de maior peso na definição do novo modelo de televisão. Os senadores presentes, por sua vez, demonstraram que pretendem aprofundar a discussão sobre o tema antes do anúncio da decisão final pelo Poder Executivo.
- Essa questão tem um parâmetro político a ser definido, e essa não é uma função da Anatel, mas sim do Congresso - observou o senador Roberto Saturnino (PT-RJ).
Durante o debate, o presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), Olímpio José Franco, deixou clara sua opção pela tecnologia japonesa, a mais bem-sucedida em testes realizados em São Paulo. O senador Antonio Carlos Junior (PFL-BA), um dos proponentes da realização da audiência pública, quis saber do presidente da Anatel se essa superioridade técnica poderia deixar em plano eventuais contrapartidas comerciais. Schymura ponderou que a tecnologia norte-americana poderia vir a equiparar-se, no futuro, com a japonesa e que a busca de contrapartidas era muito importante.
A mesma posição foi defendida pelo vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Marco Aurélio de Almeida Rodrigues. -As diferenças técnicas tendem a desaparecer a médio prazo, enquanto as contrapartidas são duradouras-, observou. Por sua vez, o presidente da União Nacional de Emissoras e Redes de Televisão (Unetv), Antônio Telles, considerou sensata a cautela adotada até o momento pelo governo, diante da pequena experiência em todo o mundo, até o momento, com a TV digital.
O senador Artur da Távola (PSDB-RJ) demonstrou preocupação com a adaptação ao novo sistema das emissoras de menor porte econômico e as emissoras públicas e educativas. Telles concordou com a observação e defendeu a garantia de melhores condições de implantação da TV digital para as emissoras públicas.
11/06/2002
Agência Senado
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