Antero questiona quem tem autoridade no governo para anunciar acordo com FMI



A forma como o governo negociou e anunciou o novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) levou o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) a criticar nesta sexta-feira (7), em Plenário, o processo decisório no governo federal. Na opinião do senador, não está claro quem está credenciado a fazer esse tipo de anúncio no governo - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ou o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

O fato de os detalhes do novo acordo com o FMI terem sido anunciados enquanto o presidente está na África demonstra, na opinião do senador, o atropelo como o processo foi conduzido. Com base em notícias e artigos publicados pela imprensa, Antero destacou que Lula apresentou um tom crítico sobre o novo acordo com o FMI e que os detalhes não poderiam ser definidos enquanto o presidente estivesse na África.

- É evidente que Lula não sabia do acordo, ao afirmar que os montantes e as condições só seriam definidos em sua volta a Brasília e que o acordo só sairia em dezembro - disse Antero.

Ele citou artigo da jornalista Eliane Catanhede, publicado no jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (7), intitulado -Atravessaram o Samba-. No artigo, lido pelo senador, a jornalista afirma que o país não sabe quem manda no governo. -O presidente ou o politburo, composto pelo trio Palocci/Dirceu/Gushiken?-, questiona a jornalista, em referência aos ministros citados e ao ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica do Palácio do Planalto, Luís Gushiken.

De acordo com o artigo, Lula mandou um recado a sua equipe ao dizer que o acordo não seria fechado em sua ausência do país. Porém, continua a jornalista, à noite tudo foi anunciado com detalhes, inclusive que haverá R$ 2,9 bilhões para investimento em saneamento em 2004. -É acordo ou não é? Quem deu palavra final, Lula ou Palocci?-, perguntou Antero.

O senador mencionou ainda entrevista dada por Palocci ao jornal O Globo, em que o ministro especifica inclusive que os municípios que estiverem acima do limite de endividamento não receberão os recursos para obras de saneamento.

- Algumas regras foram atropeladas. Não pega bem para o Brasil ficar sem saber quem manda, Lula, Palocci ou José Dirceu - disse o senador, esclarecendo que acredita que o país agiu com prudência ao propor novo acordo com o FMI, mas que o PT não agiu como pregava antes de assumir o governo.

CARGOS NO BNDES

Em seu discurso nesta sexta-feira (7), Antero também leu carta do assessor de imprensa do BNDES, Carlos Milton, que contesta informações constantes de discurso do senador na última sexta-feira (31) acerca do preenchimento de cargos de superintendência e chefia na instituição.

- Não falei de criação de cargos. Questionei se direção propôs aos funcionários retirar a exclusividade da nomeação de funcionários de carreira para cargos de superintendentes e chefes de departamento. Se isso não está acontecendo, me sinto mais confortado com a notícia. Espero que não esteja acontecendo mesmo - disse o senador.

Na carta, disse Antero, o assessor informa que os cargos de assessoria também são ocupados por funcionários de carreira e que não há investimentos de projetos em países estrangeiros, mas financiamento a exportações a outros países, o que inclui prestação de serviços, como a construção de escolas, por empresas nacionais.

-Gostaria que a direção do banco informasse quantos assessores havia no final do ano passado e quantos existem hoje, quantos eram de carreira e quantos de livre nomeação - pediu o senador.



07/11/2003

Agência Senado


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