Antonio Carlos Júnior condena afastamento de economistas do Ipea
Em pronunciamento nesta quarta-feira (31), o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) condenou o afastamento dos economistas Fábio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Castro de Rezende e Régis Bonelli do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A saída teria sido determinada pelo novo presidente do órgão, Márcio Pochmann.
- Curiosamente, todos eles são críticos da administração econômica do governo. Todos eles contrários aos aumentos, cada vez mais acentuados, dos gastos com custeio da máquina pública. Foi um expurgo. Mais do que aparelhamento do Estado, o que presenciamos foi, repito, um expurgo - afirmou o senador.
Antonio Carlos Júnior disse que o afastamento dos economistas é "deplorável sob todos os aspectos, recriminável em outras circunstâncias e ainda mais grave por se dar em um órgão criado para pensar o Brasil, avaliar e acompanhar as políticas públicas implantadas pelo governo".
- De tão primárias, as explicações dadas para o afastamento sequer merecem ser comentadas. Infelizmente, a política do pensamento único, tão comum em regimes antidemocráticos, mas que se esperava não mais existir no Brasil, voltou a mostrar suas garras nesse episódio. Causa perplexidade onde aconteceu desta vez, no Ipea, que em mais de 40 anos jamais tinha conhecido perseguição a seus pesquisadores- disse o senador, lembrando que o Ipea foi fundado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Veloso, que deu exemplo ao acolher economistas de todos os matizes ideológicos e de pensamento, na época.
Em seu discurso, o senador apresentou documento intitulado 17 Anos de Política Fiscal no Brasil, de autoria de Giambiagi, em que o economista faz uma análise das transformações ocorridas no Brasil nos últimos 20 anos. Na avaliação do senador, a divulgação do trabalho, ocorrida há poucos dias, pode ter contribuído para a saída de Giambiagi do Ipea.
- O trabalho apresenta a trajetória da política fiscal no Brasil desde 1991. Nesse tempo, o gasto primário do governo passou de 14% do PIB [Produto Interno Bruto], em 1991, para uma estimativa de 22% do PIB em 2007. Nesse mesmo período, a receita saltou de 15% para 24% do PIB. E a carga tributária, olhem só, de 24% para 35% do PIB. Com dados como esses, todos inatacáveis, ficou mesmo difícil ao governo gostar do que leu - disse.
22/11/2007
Agência Senado
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