Antonio Carlos Júnior condena novos repasses do Tesouro ao BNDES
O senador Antônio Carlos Júnior (DEM-BA) disse que o Congresso Nacional deveria rejeitar, por uma questão de responsabilidade fiscal, a Medida Provisória (MP) 487/10, que aumenta o limite de repasses do governo federal ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em mais R$ 44 bilhões, para novos empréstimos pelo banco. Com validade até o dia 5 de setembro, a MP deverá ser votada no esforço concentrado da Câmara dos Deputados desta semana e, se aprovada, poderá entrar na pauta de votações do Senado no dia 31 de agosto.
Em entrevista nesta segunda-feira (16) à Agência Senado, Antônio Carlos Júnior explicou que, há 30 anos, o governo tem se endividado a juros muito superiores aos cobrados pelo BNDES, o que estaria levando a um aumento perigoso da dívida líquida do Tesouro. Na opinião do senador, tal situação vem se agravando.
- É uma irresponsabilidade, uma situação esdrúxula e que não pode continuar. Nos últimos dois anos, o governo financiou o BNDES, primeiro com R$ 80 bilhões e, no ano passado, com mais R$ 100 bilhões.É até explicável, porque havia a crise internacional e era preciso estimular a economia. Mas, liberar mais R$ 40 bilhões agora, só se explica pela necessidade de emprestar dinheiro aos grupos que financiam a campanha de Dilma Rousseff à Presidência - disse o senador.
Para Antônio Carlos Júnior, o BNDES deveria buscar dinheiro no mercado, em suas próprias fontes de financiamento, e não valer-se apenas de dinheiro do Tesouro.
O senador comentou também pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira, que reduz a previsão de crescimento da economia brasileira em 2010 de 7,12% para 7,09%. Segundo ele, era previsível a redução, pela necessidade de aumentar a taxa Selic para conter a inflação. E esta taxa elevada, segundo ele, é circunstancial, representando apenas a ocupação de espaços perdidos com a crise dos últimos dois anos.
- No ano que vem, já cresceremos apenas em torno de 4,5%, que é o limite brasileiro diante da falta de infraestrutura, das taxas elevadas de juros e da carga tributária exagerada sobre o setor produtivo - disse.
São essas limitações, aliás, que fazem o senador considerar exageradamente otimistas as previsões do Banco Goldman Sachs, que projeta o Brasil como a quinta maior economia do mundo em 2030:
- Só atingiríamos esse grau de crescimento com um rigoroso controle fiscal, que nos levasse a uma meta confiável de déficit nominal zero até 2020, por exemplo, com redução dramática das taxas de juros; uma profunda reforma tributária, que aliviasse as empresas; e investimentos maciços em infraestrutura - portos, ferrovias, aeroportos, rodovias e energia.16/08/2010
Agência Senado
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