AO HOMENAGEAR ZUMBI, ABDIAS APONTA FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA
Ao prestar sua homenagem a Zumbi dos Palmares, marcando o Dia da Consciência Negra, no último dia 20, o senador Abdias Nascimento (PDT-RJ) relembrou o ensino da sua infância que "nem sequer mencionava a epopéia de Palmares". Segundo o senador, "privava-se, desse modo, as crianças brasileiras de conhecer não apenas a figura heróica de Zumbi, mas toda a saga de crueldade e revolta, suplício e redenção, sofrimento e bravura que se desenrolou nos quase quatro séculos de escravidão negra no Brasil".Abdias ressaltou que a falsificação da História do Brasil faz parte de um processo mais amplo de perversão intelectual, iniciado em fins do século XVIII, com o propósito de justificar a escravidão de africanos. Até então, explicou o senador, a Europa conhecia a História da África, por relato de cronistas árabes, que contavam fascinados sobre seus reinos e impérios, sobre cidades fabulosas e reis poderosos. "O fato de tudo isso parecer hoje fantasioso e irreal demonstra o sucesso desse infame empreendimento", completou Abdias.Nos seus quase 90 anos de existência, lembrou o senador, Palmares conviveu em clima de guerra. Mesmo assim, era uma sociedade que não praticava a monocultura, produzindo uma fartura de legumes, e era caracterizada pela democracia. A fim de derrotar Palmares, o governador da época indicou o bandeirante Domingos Jorge Velho para a empreitada. Este, à frente "do maior exército que o Brasil já conhecera", precisou de muitas investidas para liquidar o quilombo. Assim, "a 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares foi decapitado e esquartejado, num ritual sangrento característico da civilização que os portugueses implantaram nos trópicos", acrescentou Abdias Nascimento.O senador relembrou sua atuação em prol da conscientização dos afro-descendentes, desde os anos 30, quando da formação da Frente Negra Brasileira, até hoje, no exercício de seu mandato como parlamentar. Para Abdias, o mandato deve estar a serviço das causas do povo afro-brasileiro. Abdias destacou que já no primeiro projeto apresentado em 1997, ao assumir definitivamente a vaga deixada no Senado com o falecimento de Darcy Ribeiro, procurava aperfeiçoar a legislação sobre o assunto, com a proposta que definia e tipificava a prática do racismo e da discriminação e punia os crimes deles resultantes. "O objetivo era substituir a Lei 7.716, que havia regulamentado o princípio constitucional da Carta de 1988, definindo o crime de racismo como inafiançável e imprescritível", disse o senador.
24/11/1998
Agência Senado
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