Apoio de Lula a protecionismo francês é inadmissível, diz Geraldo Melo



O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) considerou grave e inadmissível a posição do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que declarou entender a posição européia de impor barreiras tarifárias contra os produtos agrícolas brasileiros. A declaração, conforme a edição da quarta-feira (3) do jornal O Globo, teria sido feita após encontro que Lula manteve com o primeiro-ministro da França, Lionel Jospin, em Paris.

Lula teria dito que os europeus "estão corretos. Nós precisamos, primeiro, cumprir com a nossa parte, para depois exigir alguma coisa. Temos que ter uma boa política agrícola e investimento em tecnologia. É isso que nos vai dar competitividade", conforme citou Geraldo Melo.

O senador estranhou que a declaração não tenha tido, na imprensa e no Congresso, a mesma repercussão de declaração em que o presidente Fernando Henrique Cardoso teria dito temer a desclassificação da seleção brasileira para a próxima Copa do Mundo.

Para Geraldo Melo, a declaração feita por Lula na França requer uma retificação urgente, por tratar-se de um candidato à Presidência da República que ocupa o primeiro lugar nas pesquisas.

A declaração atribuída a Lula, na opinião do senador, desconhece inclusive que o produto agrícola brasileiro é muito mais competitivo que o produto agrícola europeu. É exatamente por não dispor de poder de competitividade nos seus produtos agrícolas que os europeus sobretaxam os produtos agrícolas dos países emergentes, para impedir que eles dominem seus mercados. "É incompreensível, para mim, que alguém que pode vir a ser presidente da República aceite um protecionismo dessa natureza", frisou o senador, que viu na atitude do petista uma posição de subserviência e de humilhação.

Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Emilia Fernandes (PT-RS) defenderam o presidente de honra do PT dando outra interpretação à notícia comentada por Melo. Suplicy disse que tão logo Lula retorne ao Brasil, na próxima semana, poderá explicar melhor o contexto e o teor exato das declarações. Emilia, por sua vez, viu no episódio uma inquietação das vozes neoliberais com o crescimento do nome de Lula na disputa presidencial.

04/10/2001

Agência Senado


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