Geraldo Melo indaga se Lula governaria com o discurso de ontem ou de hoje
Em resposta ao pronunciamento que o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) fez na tarde desta quarta-feira (12), o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) disse que o discurso novo do Partido dos Trabalhadores não se adapta à tese do parlamentar petista, segundo o qual seu partido mudou porque o Brasil e o mundo mudaram.
- O discurso mudou para ser contrário ao discurso que o PT fazia antes, e o povo brasileiro tem direito a ser esclarecido quanto a isso. Se o candidato do PT fosse eleito presidente da República, quem governaria o Brasil? O candidato de hoje, com o discurso de hoje, ou a mesma pessoa de ontem, com o discurso de ontem, de anteontem, do ano passado e dos últimos 20 anos?
Geraldo Melo disse que todos sofrem hoje com um sentimento popular de desconfiança com o que dizem os políticos, daí porque ele considera importante esse esclarecimento. Ele afirmou que o candidato do PT está defendendo uma postura de alinhamento com o FMI hoje, quando propunha o rompimento com essa mesma instituição no passado.
- Sua Excelência defendeu muitas vezes a moratória da dívida externa, ontem, mas está garantindo o cumprimento dos contratos, hoje. Qual das duas posições vai valer? - questionou o senador.
No mesmo tom, ele afirmou que, hoje, Lula assegura que, se chegar à presidência da República, vai assegurar ao povo brasileiro um clima de segurança, ordem e obediência à lei. Mas observou que o mesmo Lula defendeu os saques a supermercados em Buenos Aires e defendeu a invasão de propriedades, inclusive produtivas, no passado. Geraldo Melo insistiu em que o importante é saber "qual o compromisso que vai valer, se o de ontem ou o de hoje".
Ele também afirmou que, ao ver o candidato petista reunir-se com usineiros de São Paulo para discutir o fortalecimento da agroindústria do açúcar, o restabelecimento do Pró-Álcool e a volta da produção de carros a álcool, fica duvidando se, com o PT no poder, prevalecerá essa linha ou aquela que priorizava o bóia-fria nesse tipo de discussão. E observou:
- Não me consta que o item bóia-fria tenha entrado no debate entre o candidato do PT e os usineiros de São Paulo.
12/06/2002
Agência Senado
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