Arbitrariedade do Executivo ameaça os três Poderes, diz Carlos Wilson



As atitudes adotadas pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso contra os trabalhadores em geral e, em particular, contra os servidores públicos, estão colocando em risco os poderes da República - afirmou nesta sexta-feira (23), em pronunciamento no Plenário, o senador Carlos Wilson (PTB-PE). O senador disse que nunca poderia imaginar que um governo formado por conceituados professores "pudesse tratar de forma tão aviltante e truculenta o movimento por reajustes de salários, deflagrado justamente por professores de instituições federais".

Segundo Carlos Wilson, além de se recusar a negociar com o movimento grevista, o governo agora entendeu de confrontar-se com o Poder Judiciário, por meio da edição de um pacote antigreve, adotando um rigor que não demonstra com outros setores. "Claro que me refiro à licenciosidade com que milhões e milhões de dólares foram liberados para socorrer instituições bancárias e outras operações assemelhadas" - frisou.

Ao acenar também para mudanças na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o governo quer mesmo é "revisar as conquistas dos trabalhadores, desde que isso não interfira na sua parte, a parte do leão, que abocanha voraz e incondicionalmente os salários" - afirmou Carlos Wilson, para quem o que inviabiliza o emprego não é a atual legislação trabalhista, mas sim a brutal carga tributária que se impõe à atividade econômica.

Todo o funcionalismo público, incluindo-se aí os professores universitários - comentou Carlos Wilson - está há sete anos sem qualquer reposição das perdas salariais, vivendo hoje com menos de 25% do que recebia há sete anos.

Numa posição de confronto aberto com o poder Judiciário, lembrou o senador, o Executivo decidiu não acatar decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o pagamento do salário dos professores relativo ao mês de outubro. O governo simplesmente recusou-se a pagar, valendo-se de uma manobra pela qual conduzia a decisão para o âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF).

- Se essa manobra soa como imoral, o que dizer então do chamado pacote antigreve, editado através de medida provisória, que permite a contratação temporária de funcionários para normalização do serviço público quando uma greve for superior a 30 dias? - indagou.

Carlos Wilson lembrou ainda que um projeto de lei do governo pretende alterar a lei 8.112, que instituiu o Regime Jurídico Único, para, assim, possibilitar um processo coletivo de demissão em rito sumário para funcionários grevistas. Para o senador, "nem mesmo o regime militar ousou ações tão arbitrárias".

23/11/2001

Agência Senado


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