ARLINDO PORTO PROTESTA CONTRA INCENTIVO A IMPORTAÇÕES AGRÍCOLAS
O senador Arlindo Porto (PTB-MG) lamentou nesta quarta-feira (dia 25) que os produtores rurais brasileiros, embora persistam em sua meta de produzir mais qualidade e quantidade, vejam-se cada vez mais desestimulados face ao crescente apoio às importações de produtos agrícolas. O senador fez um balanço da situação da agricultura brasileira, em forte discurso que gerou vários apartes. Porto fez ainda uma grave denúncia: produtos utilizados no exterior apenas para nutrir animais estariam sendo utilizados no Brasil para alimentar crianças.O parlamentar destacou o crescimento da produção leiteira brasileira, de aproximadamente 1,5 bilhão de litros por ano: o país deve chegar a produzir este ano cerca de 21 bilhões de litros de leite, contra 15,8 bilhões de litros produzidos em 1994. O consumo aumentou, segundo o senador, graças à estabilidade da moeda e a preços mais compatíveis com a renda da população. Mesmo assim, a média nacional de consumo, de 140 litros por habitante ao ano, é menor que a recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Citou, para efeito comparativo, a média argentina, de 244 litros anuais por habitante.Esse crescimento, para o senador, reflete "o empenho e a vontade do produtor rural em melhorar sua produção e a qualidade do produto". Ele informou que ganho na produção foi sustentado principalmente pela região Centro-Oeste, com crescimento de 70%, e com ênfase para Goiás, cuja ampliação foi de 76%. O ministro lembrou também o superávit gerado pela produção de grãos, da ordem de US$ 11,8 bilhões. Mas, enquanto busca produzir cada vez mais e melhor, o produtor rural se sente desestimulado pelo apoio à importação cada vez mais forte. De acordo com Arlindo Porto, em 1998, importou-se US$ 520 milhões apenas em produtos lácteos. Foram importados 1,43 bilhão de litros de leite, a um custo de US$ 324 milhões.- Há até a suspeita de que produto utilizado apenas para a alimentação animal está sendo usado no Brasil para alimentar nossas crianças - denunciou o senador.O Mercosul, responsável por 71% das importações, é o grande beneficiado, disse o senador. Segundo ele, a Argentina vende o litro de leite para o Brasil por um preço que varia entre US$ 0,60 a US$ 0,70, quando o mesmo produto é vendido internamente naquele país por cerca de US$ 1,15. Para ele, somente isto já mostra que algo está errado. Mas há mais: o importador brasileiro tem prazo de 500 dias para pagar, com juros de 6% ao ano.- Na verdade, o mercado importa capital de giro. Como pode o produtor brasileiro concorrer nessas condições? - perguntou o senador, lembrando que há financiamento para a importação mas não há para a construção, por exemplo, de um tanque de expansão.Porto encerrou seu discurso com várias propostas, como financiamentos, com juros compatíveis e prazos de dez anos, para recuperação de pastagens e construção de tanques de resfriamento; estímulo a venda em grupos, com a criação de cooperativas; estímulo e apoio a pequenos produtores através de programas como o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf); proibição da reidratação do leite em pó; e muito investimento em pesquisa.- Nós, produtores rurais, não queremos favores; queremos apenas igualdade de condições - afirmou Arlindo Porto.
25/11/1998
Agência Senado
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