Arraes intensifica oposição a Jarbas









Arraes intensifica oposição a Jarbas
Ex-governador rebate críticas de adversários com detalhado dossiê sobre a gestão do peemedebista

O ex-governador Miguel Arraes (PSB) deu, ontem, mais uma demonstração de que este ano fará uma oposição real ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), papel do qual esquivou-se até o terceiro ano da atual administração. Arraes apresentou números oficiais para rebater os ataques do peemedebista, que o acusou de sucatear o Estado, inclusive a segurança local, depois de ser responsabilizado por ele pela "ausência total" de uma política para esta área.

"No meu governo, aumentei em 62% os investimentos na segurança, comparado ao governo Joaquim Francisco (PFL), e sem dinheiro de Celpe nenhum. De lá para cá, Dr. Jarbas, com Celpe e tudo, só aumentou em 9,9%, portanto, ele não está fazendo esse Carnaval todo que anuncia pela mídia", destacou o socialista. Munido de diversas matérias jornalísticas da época, que devem ser usadas no guia eleitoral deste ano, o deputado estadual João Negromonte (PMDB), cunhado do governador e ex-líder dele na Câmara Municipal do Recife, disse que estes números são falsos, destacando outros dados para apontar "a catástrofe" arraesista nesta área.

"No governo passado, a insegurança era muito maior do que hoje. Pernambuco não está em primeiro lugar da violência em indicador nenhum. No governo Arraes, é que o Estado foi apontado como o quarto mais violento", rebateu Negromonte, acentuando que até as refeições dos policiais foram cortadas, "porque Arraes mandou" e os promotores paralisaram as comarcas do Interior devido à onda de violência.

Arraes salientou que no seu governo aconteceram problemas comuns à diversos governos anteriores, mas hoje a situação é única, porque Jarbas perdeu o controle sobre os policiais, promovendo quem fomentou, "junto com ele", a greve militar de 97.

Arraes destacou que Jarbas gastou o dinheiro da venda da Celpe sem mudar a face da economia do Estado, porque não fez nem executou um planejamento global, restringindo-se a colocar o dinheiro em uma estrada federal - a BR-232 - e em pequenas vias de acesso que estavam há anos nas prateleiras do DER (Departamentode Estradas de Rodagem). "Não há critério lógico", declarou, ressaltando que Jarbas também pagou a folha de pessoal com esses recursos. "Ele não pagou duas folhas atrasadas. Eu paguei novembro e o 13º e só não paguei dezembro, porque os adversários nos impediram na Justiça de utilizar recursos que estavam no Bandepe", enfatizou.

Coordenador- Presidente nacional do PSB, o ex-governador Miguel Arraes será o coordenador político da campanha do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB). Ontem, aconteceu a primeira reunião do comando da campanha dele naquele estado. Arraes não esteve na reunião, mas foi escolhido junto com entre outros coordenadores.


Vereadores têm verba de gabinete reduzida
A Câmara Municipal do Recife diminuiu temporariamente a verba de gabinete dos vereadores em quase 40%. De janeiro a abril, o subsídio será reduzido de R$ 14,3 mil para R$ 10,1 mil. A iniciativa da Mesa Diretora pegou os parlamentares de surpresa. Ontem, eles participaram de uma reunião com o primeiro secretário da Casa, João Arraes (PSB), e não esconderam a insatisfação com a medida.

Durante a reunião o clima ficou tenso. Somente depois muita discussão e bate-boca, Arraes conseguiu explicar os motivos que levaram a Câmara a diminuir a verba de gabinete. Apesar disso, muitos vereadores deixaram o local reclamando da decisão. Outros disseram entender os motivos, mas que não gostaram da idéia de perder um percentual do subsídio.

Segundo João Arraes, a Prefeitura do Recife ainda não publicou o balanço da despesa e receita do município referente ao exercício de 2001. "Não sabemos qual será o duodécimo da Câmara para este ano. Temos que trabalhar com base no orçamento e por enquanto nada está definido. Só teremos essa definição a partir de março", explicou. De acordo Arraes, a Câmara tem direito a percentual de até 5% da arrecadação municipal. "Sou responsável pelas finanças da Casa. Ainda não sabemos que percentual será destinado à Câmara. A nossa decisão foi preventiva", assegurou.

Mesmo afirmando que a decisão não é definitiva e que a verba poderá retornar ao mesmo patamar, alguns parlamentares continuam revoltados. "Acho que não houve respeito com o vereador. Ele (João Arraes) tomou a decisão e não comunicou a ninguém. Poderia cortar até a verba toda, contanto que nos avisasse", disse Murilo Mendonça (PSD). Segundo ele, a redução vai causar sérios transtornos aos gabinetes. "Temos nossos compromissos e fomos pegos de surpresas". Já Jorge Chacrinha (PSDC) assumiu ser um dos mais exaltados na reunião, mas que no final entendeu os motivos que levaram a Câmara adotar tal medida. "Estou dando um voto de confiança a João Arraes. Agora reconheço que ter a verba do gabinete reduzida não é bom para ninguém".


Jungmann tenta frear Roseana Sarney
Ministro do Desenvolvimento Agrário se lança pré-candidato a presidente para evitar que PMDB apóie PFL

BRASÍLIA - Debaixo de fortes críticas da cúpula do PMDB e confessando o "atropelo" político, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann anunciou ontem o lançamento de sua pré-candidatura à presidência da República neste ano. O ministro reconheceu que seu anúncio não tem respaldo político nem apoio popular. "A estratégia é de minha inteira responsabilidade", disse Jungmann. Seu objetivo número um é frear a ascensão da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL-MA), como candidata da aliança governista.

A estratégia não está de acordo com a tendência apontada hoje no PMDB. "Estamos caminhando para o fim da aliança", afirmou Jungmann. "Daqui a pouco só vamos poder discutir quem vai ser o vice (da chapa liderada por Roseana)", criticou. Para o pré-candidato, a base do governo precisa decidir se busca uma nova coalizão mais à esquerda ou se vai "se subordinar àquelas forças de porte liberal ou conservador" - opção que, segundo ele, não asseguraria a continuidade do projeto de Fernando Henrique Cardoso.

Jungmann disse desejar sucesso à governadora, mas sem o apoio do PMDB. O ministro considera que sua posição é democrática e não demonstra desdenho com o PFL como eventual aliado, desde que não seja cabeça da chapa ao Planalto. Apesar de ainda não ter um plano de governo para sustentar sua pré-candidatura, Jungmann explicou que o rumo pretendido pelo governo, de maior inclusão social, vai contra o que considera ser o rumo de Roseana e do PFL, de menor participação do Estado.

LIBERAIS - "As pessoas expressam forças, expressam rumos. Aí eu discordo do rumo (da candidatura de Roseana). Eu quero um Estado com mais regulação social. Eu não acho que o mercado resolve todas as falhas que existem. Eu quero efetivamente ampliar o volume de recursos disponíveis para a pobreza", disse. O ministro prevê uma disputa entre Roseana e outro governista no segundo turno das eleições presidenciais, devido ao "estacionamento" do virtual candidato petista, Lula, em 30%.

Raul Jungmann classificou de "armação" os rumores de que sua pré-candidatura fosse uma jogada do Planalto, tanto para eliminar o nome de Itamar Franco, governador de Minas Gerais, da sucessão dentro do PMDB, como para avalizar seu nome como vice de José Serra, ministro da Saúde.

O senador gaúcho Pedro Simon, outro pré-candidato do PMDB à presidência, considera o lançamento da candidatura de Raul Jungmann como uma articulação do Planalto. "O governo está dando uma cartada a mais para minar a candidatura própria do PMDB e atrair o partido para diminuir a angústia provocada pelo crescimento de Roseana Sarney", declarou Simon.

FHC anuncia funcionamento de juizados
BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou ontem, no programa semanal de rádio Palavra do Presidente, que começarão a funcionar a partir de segunda-feira os Juizados Especiais Civis e Criminais. Segundo o presidente, esses juizados vão beneficiar, principalmente, as pessoas que não têm condições de pagar bons advogados e são obrigadas a acompanhar seus processos durante anos na Justiça. "Os Juizados Especiais vão promover uma verdadeira revolução na Justica Federal, que ficará livre de milhares de processos no valor de até 60 salários mínimos que, hoje, demoram até 10 anos para serem resolvidos", afirmou o presidente.

Segundo ele, as causas mais simples serão julgadas pelos Juizados Especiais, no máximo, em seis meses. Os Juizados Especiais vão resolver questões entre o cidadão e o poder público, como administrativas e previdenciárias e julgar pequenos crimes, cuja pena de detenção será de, no máximo, dois anos. Segundo o presidente Fernando Henrique Cardoso, os Juizados Especiais estão surgindo por força de uma emenda constitucional de sua autoria.

"Estamos conseguindo realizar esse sonho antigo do nosso povo graças a atuação dos ministros do Superior Tribunal de Justiça e dos juízes federais que elaboraram a proposta inicial da lei e tomaram todas as providencias necessárias para a implantação desses Juizados Especiais", destacou.

Ele ressaltou também o esforço dos parlamentares que aprovaram "com a rapidez devida" o projeto que autoriza a implantação dos juizados e a emenda que permite o pagamento direto dos processos.


Argentinos procuram deixar o país
SÃO PAULO - O número de argentinos que tentam sair do país cresceu expressivamente com a derrocada econômica do país, segundo reportagem publicada no jornal "La Nación". As filas para a obtenção de vistos e cartas de cidadanias nos consulados começam a se formar no dia anterior e são "intermináveis". As pessoas, a maioria desempregados, são atraídas pela expectativa de melhores oportunidades em outros países.

No Consulado da Espanha em Buenos Aires, por exemplo, cerca de 3.000 pessoas se aglomeraram na fila ontem. Quando as portas do consulado se fecharam, às 14h, cerca de 100 pessoas continuavam na fila e teriam que retornar no dia seguinte após horas de espera. A situação também é parecida no Consulado da Itália. Até mesmo as páginas da Internet desenhadas para orientar a obtenção de vistos de imigração estão congestionadas pela avalanche de consultas que vêm recebendo.

E, mesmo dormindo em filas, são poucos os argentinos desempregados que têm conseguido a aprovação de vistos e cartas de cidadania. Com isso, outros países pobres já vêm atraindo os argentinos. Mais de 70 mil paraguaios residentes na Argentina ingressaram no Paraguai nos últimos 10 dias de 2001. Em Assunção, comenta-se que poderá haver um massivo retorno de paraguaios, fugidos da tensão social e desvalorização do peso na Argentina.

Na contramão, o Brasil espera reduzir o número de argentinos, turistas, que passam o verão no país. A queda é estimada entre 60% e 70%. O diretor de Assuntos Internacionais da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), Leonel Rossi calcula que, dos 700 mil argentinos esperados no País, chegarão apenas 200 mil. Somente para Santa Catarina o número de vôos fretados originados da Argentina caiu de 800 para 200 nas viagens programadas para o período entre o final de dezembro e o início de março. Rossi disse que as operadoras de turismo brasileiras estão se "adaptando bem" à situação, mas as argentinas que trabalham exclusivamente com viagens para o Brasil estão em sérias dificuldades.


Banco do Brasil vai trocar euros
Primeiro lote está disponível a partir do dia 16, no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília

O Banco do Brasil está importando, juntamente com o Banco Central, um lote de 500 milhões de euros para trocar em suas agências. Este primeiro lote, disponível a partir do dia 16, vai ser distribuído nas agências operacionais de câmbio das praças do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A instituição financeira acredita que, em pouco tempo, a moeda única européia vai seguir uma rota migratória espontânea e se espalhar pelos demais estados. Já os travellers checks estarão disponíveis em todas as agências de câmbio até o final deste mês.

Segundo o gerente da agência Recife do Banco do Brasil, Sanderson Teixeira, as praças do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília foram escolhidas para receber os 500 milhões de euros por concentrarem uma demanda maior de negócios. "Aos poucos, essas agências abastecerão as outras, garantindo o câmbio manual em todo o País", avalia Teixeira. Ele acrescenta que, independente disso, a moeda vai estar circulando através de pessoas que vieram recentemente da Europa.

"O euro é uma realidade entre nós. Mesmo que a operacionalização do câmbio manual do euro seja lenta, as instituições financeiras já estão fechando operações na nova moeda ou mesmo convertendo papéis que originalmente estavam escritos nas moedas específicas de cada país", explica Sanderson Teixeira. As moedas e notas de euro começaram a circular oficialmente em 1º de janeiro em 12 países dos 15 que compõem a União Monetária Européia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Finlândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal e Grécia.

Informalmente, o euro vinha circulando na Europa desde 1993 e tornou-se a moeda oficial em 11 países da União Européia em janeiro de 1999, quando passou a existir como referência para negócios. A criação da moeda única foi aprovada no tratado de Maastricht, na Holanda, em 1991. O prazo máximo estabelecido para utilização conjunta do euro em todos os países participantes é 28 de fevereiro deste ano.

Quem tem negócios com a Europa ou vai viajar para lá pode, se quiser, fazer a conversão de reais para euros. Há sites na Internet que fazem a conversão direta. Basta colocar o valor em reais que o resultado sai convertido em euros. O Banco Central diariamente fixa uma cotação em reais que serve como referência para a conversão. Toma como base a taxa do dólar Ptax usado para negócios no Exterior e é resultado de uma média de cotações dia a dia. Pela cotação de ontem, um euro comprava R$ 2,09034 reais.


Artigos

Assim caminha a medicina
Telma Campello

Nos últimos anos tem progredido um perverso comportamento da categoria médica de induzir colegas a trabalharem recebendo propina para poder exercer a prática médica ou aceitar preços vis dos planos e seguros de saúde, a maioria com foco nos lucros e não na qualidade do serviço médico. E o que dizer sobre o "estar em evidência", que vale até financiar a própria homenagem? Onde está o compromisso original com os propósitos de Hipócrates? E a ética? Onde estão os ensinamentos dos pais? (Supostos pais que deveriam educar seus filhos para serem felizes e poderem servir na sociedade encontrando o sentido da vida).

Quem tiver a sorte de sobreviver verá o triste resultado deste comportamento cujo cerne está no valor do consumo: o TER e não o SER. Depressão, insatisfação constante, agressividade, infarto, gastrite e insônia são alguns sintomas que já detectamos no cotidiano. Sim, porque vêm rápido e não pedem licença. Mesmo que você considere o amor uma invenção cultural, nós, humanos, somos também resultado de nossa cultura. E como seres sociais, precisamos do outro com seu afeto e reconhecimento. Reconheço o quanto é tênue a linha divisória entre o "bem" e o "mal" mas devemos estar atentos para nos equilibrarmos nela. Egoísta e macabro, uma parte do nosso inconsciente nos trai constantemente nos impulsionando insidiosamente para o mal. Sim, porque a maldade existe. E de pois vamos adoecendo sem saber porquê. Para que jogarmos fora o que temos de mais precioso: saúde e liberdade?

Estamos em crise geral. A Medicina está doente. Não podemos sacrificar uma vida de exemplos substituindo nossos valores: seria a falência dos nossos sentimentos, compromisso/ sentido com a vida que escolhemos viver. Para quê este retrocesso? Neste momento, como pessoas de referência (médicos, professores e pais) nossa responsabilidade aumenta. Precisamos defender um mundo melhor para nossos pacientes, alunos e filhos. Para isso, os meios devem ser tão dignos quanto os fins. Tenhamos bom senso neste momento: vamos agir com a razão, mas não esquecendo as experiências do coração. Para não adoecermos, precisamos agir em conformidade com nossos ideais. Senão seria deixar de sermos o que somos, pois as coisas acontecem no aqui e agora e é assim que fazemos a nossa história. Lembro-me de um dito da minha mãe: "Não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você". Sempre estou me lembrando desta máxima para driblar meus demônios. Se queremos justiça, ética, honestidade, saúde, felicidade, temos que agir dando exemplo. É através deles que o nosso relacionamento com o Mundo se sedimenta.

Este é um caminho que defendo para não proliferar o EU sozinho. O que fazemos para impedir as maldades humanas? Cada vez mais tornam-se fatos, como se possível fosse nos mantermos isolados e protegidos. O excesso dos acontecimentos do Mundo atual impedem que tenhamos tempo para processá-los. Com a banalização gradual dos fatos arquivados anos a fio nos porões das nossas memórias, chega a nossa hora. Os fatos maldosos, de tão "distantes" de nós, de tão comuns, não mais nos desapontam e entristecem. As maldades expostas cotidianamente vão sendo justificadas. Não há limite. As conseqüências virão. Adoeceremos de muitos males e morreremos de depressão. Por que não evitar tudo isto?

Há saída, sim. Um drama se vence reativando nossas crenças. São nas crises que os humanos costumam revelar o que de melhor ou de pior carregam. Vamos conter a crescente repetição desse clima negativo que está se estabelecendo na rotina do trabalho médico antes que se instale uma verdadeira guerra. Os usuários, financiadores e médicos precisam estar juntos nesta luta para definir o caráter do atendimento médico que necessitamos. Tudo começa com um melhor preparo dos médicos pelas universidades, que precisam enfocar mais a ética e a prevenção de doenças. Os usuários devem fazer uso do seu plano/seguro apenas quando necessário. Os planos, cooperativas e seguradoras devem atualizar seus preços e procedimentos e os médicos devem cuidar da solidariedade e da humanização nas relações interpessoais. Senão, estaremos perdidos. Um passo concreto para isso: não entrar na engrenagem que condenamos e que são destrutivas da ética e do bem-estar social tratando nossos pacientes com um olhar generoso e acrescido de um saber-fazer guiado sobretudo pelo ideal de servir.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

Jogo da sucessão
Jarbas Vasconcelos não manifestou seu apoio a Raul Jungmann, segunda-feira, quando o ministro do Desenvolvimento Agrário esteve com ele no Palácio do Campos das Princesas para comunicar que decidiu disputar as prévias do PMDB para escolha do candidato a presidente da República. Porque apesar de ser do mesmo partido do mais novo virtual presidenciável, com quem mantém uma boa relação pessoal, o governador continua defendendo uma candidatura única da aliança para disputar a Presidência. Ele reconheceu, ontem, que cada dia isso vai ficando mais complicado e não só pela decisão de Jungmann de também entrar na corrida sucessória. Na sua opinião, se o PSDB continuar insistindo em ter candidato próprio e o PFL não tiver condições de retirar Roseana Sarney (PFL-MA) da disputa, diante da performance da governadora do Maranhão nas pesquisas, haverá um racha na aliança que simplesmente se acaba, porque rachada ela não vai a lugar nenhum. Mas a entrada de Raul Jungmann no jogo da sucessão é bom para Jarbas Vasconcelos, mesmo que ele não esconda sua preferência por José Serra (PSDB-SP) e já tenha dito que votaria em Roseana se ela fosse a candidata da aliança. Pois o ministro é a alternativa do PMDB governista se compor com Serra ficando na vice da chapa oficial, afastando de vez da disputa Itamar Franco (PMDB-MG) e Pedro Simon (PMDB-RS), os últimos peemedebistas oposicionistas desse País.

Quem quiser falar com o governador em exercício, Mendonça Filho, deve procurá-lo no seu gabinete, na vice-governadoria, que fica no Palácio Frei Caneca, e não no Palácio do Campo das Princesas

Baile 1
O PT radicalizou com relação ao Baile Municipal do Recife. Além de transferir a festa filantrópica da LAR para Olinda, inflacionou os preços de ingressos, mesas e camarotes, para tristeza dos foliões.

Baile 2
O ingresso individual aumentou 50% e agora custa R$ 30,00; a mesa teve reajuste de 100% e sai por R$ 400,00; e o camarote que em 2001 foi vendido a R$ 1.500,00 agora custa R$ 2.600,00.

Ironia
Ao ser informado que Raul Jungmann vai disputar as prévias do PMDB para escolher o candidato a presidente da República, o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL) ironizou com o ministro do Desenvolvimento Agrário:" Trata-se de um minifúndio improdutivo". Mais cruel, impossível.

Assédio
Cada dia aumenta mais o assédio dos caciques do PSDB ao marqueteiro baiano, Nizan Guanaes, responsável pelos programas de Roseana Sarney (PFL-MA) que vem fazendo o maior sucesso nas pesquisas para presidente da República.

Visita
A presidente da Legião Assistencial do Recife (LAR), Luzia Jeanne, visitou, ontem, o DIARIO DE PERNAMBUCO, para falar do Baile Municipal do Recife que se realizará no dia 2 de fevereiro. Foi recebida pelo diretor superintendente, Luiz Otávio Cavalcanti, e pelo diretor de Redação, Ricardo Leitão.

Depoimento 1
O depoimento que Paulo Rubem (PT) prestaria à Procuradoria Regional da República, ontem, foi adiado. O procurador Joaquim José de Barros Dias acatou o pedido de adiamento do deputado, justificado pelo recesso parlamentar.

Depoimento 2
O deputado foi notificado pelo Ministério Público Federal em dezembro, a partir de uma representação de Jarbas Vasconcelos (PMDB), por suas declarações suspeitando do TCE pela aprovação da licitação da duplicação da BR-232.

Com a criação de duas varas especializadas em execução fiscal no Estado, a Procuradoria Geral começa a agilizar as pendências entre devedores e a Fazenda. O procurador Sílvio Pessoa garante que os processos, a partir de agora, serão resolvidos bem mais depressa.


Editorial

UMA SEVERA LIÇÃO

O colapso da Argentina põe diante de políticos, analistas e cidadãos brasileiros a necessidade urgente de refletir sobre o erros que levaram a nação vizinha à situação dramática destes dias. O que pode nos ensinar a teimosia inexplicável, quase mórbida, dos últimos ocupantes eleitos da Casa Rosada, ao insistirem numa paridade cambial que estrangulava a produção, empobrecia a sociedade e, vemos hoje, terminou por destruir a capacidade do Estado argentino de cumprir seus papéis políticos e institucionais?

A lição mais severa é política, muito além de econômica ou financeira. Não se quebra impunemente o laço fundamental de confiança entre os cidadãos e seus governantes. A classe média portenha recorre aos cacerolazos repetidos porque não se vê mais representada nos partidos, nos políticos, nas estruturas institucionais que deveriam dirigir o país. O argentino comum não acredita mais que as coisas vão melhorar se mudarem os governantes na próxima eleição. Resta-lhe bater panelas nas avenidas de Buenos Aires.

É normal que a confiança dos cidadãos nos governantes oscile. Mas o drama argentino mostra, aqui ao lado, que há um grau mínimo abaixo do qual uma nação começa a se desintegrar. Carlos Menem, Domingo Cavallo, Fernando De La Rúa e também os caciques peronistas a quem cabe agora a tarefa de reconstruir um país em ruínas, todos contribuíram para que esse limite fosse ultrapassado.

Os primeiros, ao se apegarem cegamente, qual talibãs de terno e gravata, a um fundamentalismo monetário que interessava apenas aos bancos credores das dívidas em dólar e aos novos donos das empresas de serviços públicos privatizados. Os últimos, ao tratarem a derrocada do governo De La Rúa como mesquinha questão partidária, não como a tragédia nacional que realmente é.

O Brasil conseguiu superar, na história recente, crises que poderiam ter potencial desestabilizador semelhante. Basta lembrar a década de hiperinflação crônica, o impeachment do presidente Fernando Collor ou a crise da desvalorização do real. É sinal de que estamos construindo instituições políticas e econômicas mais saudáveis. Mas tais sucessos não devem cegar os brasileiros.

Temos problemas que, não resolvidos, podem corroer a confiança dos cidadãos e comprometer os esforços de democratização e desenvolvimento. Um deles é a necessidade de confiança da população na honestidade com que são tratados os recursos públicos. A sociedade brasileira tem exigido mais dos políticos e avançado nessa direção a partir mesmo do impeachment de Collor. Mas ainda há um déficit de transparência que precisa ser eliminado.

Outro problema urgente é a aberrante desigualdade social que resulta de uma das piores distribuições de renda do Mundo. De pouco adianta o desenvolvimento econômico se seus benefícios não forem justamente distribuídos. E a multidão de deserdados da democracia e do bem-estar material que resulta de um modelo de crescimento excludente poderá, se nada for feito, reencenar no Brasil os cacerolazos argentinos, de maneira ainda mais dramática e violenta.


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01/09/2002


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