ARRUDA E SUPLICY DEBATEM SOBRE O PLEBISCITO DA DÍVIDA EXTERNA



Em debate ocorrido no plenário, nesta terça-feira (dia 29), o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) classificou de inconseqüente a convocação de um plebiscito, por parte da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para que a população defina se é contra ou a favor do pagamento, pelo governo, das dívidas externa e interna do país.
- É fácil, cômodo até, fazer plebiscito para saber se devemos ou não pagar a dívida. Se fôssemos uma ilha, capaz de sobreviver sem nenhuma ligação com outras economias, deixando de sofrer, de forma cruel, as conseqüências da decisão, estaria tudo bem. Há, no entanto, um "mundo real" - afirmou Arruda.
Ele lançou um desafio à ex-deputada Marta Suplicy, candidata do PT à prefeitura de São Paulo, para que assuma o compromisso de não pagar as dívidas do município, para manter a coerência de seu partido, que apóia o plebiscito.
- Ela continuaria liderando as intenções de voto? De início, creio que sim. Mas, em seguida, as pessoas sérias, que movem a economia de São Paulo, considerariam demagogia - disse, mencionando ainda o requerimento do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), endereçado ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, que solicita informações quanto à natureza da dívida. Para Arruda, se ele ainda pede informações sobre a dívida, não está sendo coerente em apoiar, de pronto, o plebiscito em favor do "calote".
Em resposta, Suplicy, afirmou que a candidata petista, sua esposa, já tem declarado publicamente sua posição favorável à auditoria das dívidas externa e interna - prevista pela Constituição Federal de 1988 -, para que então sejam honrados os compromissos do país. Quanto à prefeitura, o senador assegurou que, se eleita, a deputada pagará as dívidas do município, mas apresenta alternativas de negociação, incluindo a implementação do programa de renda mínima. O senador do PT explicou também que apóia a consulta popular, mas que esta se refere, primeiramente, à realização da auditoria.
- O requerimento que fiz não contém a proposição de um "calote", mas solicita a informações quanto à natureza da dívida pública interna ou externa. Quanto ao plebiscito, ele força o ministro a que esclareça estes fatos - respondeu o senador por São Paulo, que também convidou Arruda a votar na consulta popular e a aprofundar o debate.
Em aparte, o senador Saturnino Braga (PSB-RJ) felicitou o senador Arruda por colocar a questão em debate, e disse que o governo poderia ser mais "duro" nas negociações, aproveitando o sentimento popular expresso no plebiscito. Saturnino, como Suplicy, se disse favorável ao cumprimento dos compromissos assumidos pelo país, após a auditoria.
O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) disse que não vê nenhum problema na consulta popular sobre a necessidade de auditoria das dívidas externa e interna. Ele acredita até que a manifestação popular fortalecerá a posição do governo brasileiro, que exige nos foros internacionais melhores condições para o pagamento dos empréstimos.

29/08/2000

Agência Senado


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