MARINA SILVA DEFENDE O PLEBISCITO DA DÍVIDA EXTERNA



A senadora Marina Silva (PT-AC) manifestou apoio, em P lenário, nesta segunda-feira (dia 28), ao movimento Jubileu 2000, que advoga o cancelamento da dívida externa e propõe um plebiscito, entre os dias 2 e 7 de setembro, para que a população decida se o Brasil deve ou não pagar a parte oficial da dívida aos organismos financeiros internacionais. Ela rebateu as críticas do ministro da Fazenda, Pedro Malan, que teria considerado a idéia um "desserviço ao país".
- Ao contrário do que disse Malan, esta não é uma iniciativa do PT, e presta, sim, um grande serviço ao Brasil. A campanha do Jubileu 2000 é internacional, incluindo, além do Vaticano, todas as igrejas da comunhão Anglicana, e o Conselho Mundial de Igrejas, com 340 confissões cristãs, que se pronunciaram pela necessidade urgente de se fazer uma reavaliação das dívidas e considerar a possibilidade de seu total cancelamento - afirmou Marina Silva, classificando o Jubileu 2000 como um movimento de "pessoas de bem".
Marina ressaltou que o plebiscito pretende estimular a reflexão da sociedade brasileira sobre a questão. De acordo com a senadora, não só o Brasil, mas todos os países pobres sofrem com o endividamento e com a transferência de seus recursos para os países ricos e para o sistema financeiro internacional.
- São necessárias mais do que medidas compensatórias, de emergência, por parte dos países desenvolvidos. Cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo vivem com menos de um dólar por dia. No Brasil, há 78 milhões de pessoas nestas condições - observou a senadora, criticando ainda o discurso liberal, para o qual a simples inserção do país no sistema financeiro traria a solução para a pobreza.
Ela salientou que, tanto o plebiscito a ser realizado, quanto o Tribunal da Dívida Externa - que reuniu 100 representantes de igrejas, movimentos sociais e entidades da sociedade civil, além de enviados da América Latina, Estados Unidos e Europa - , são desdobramentos do Jubileu 2000. No Brasil, estas iniciativas têm recebido o apoio do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), da União Nacional dos Estudantes (UNE), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Sem Terra (MST), Confederação dos Trabalhadores Agrícolas (Contag) e Central dos Movimentos Populares (CMP).

28/08/2000

Agência Senado


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