Arthur Virgílio: "A democracia está em jogo. Há no horizonte crise institucional"



O senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, sustentou da tribuna que "a democracia no Brasil está em jogo" e alertou que "há no horizonte uma crise institucional". Para ele, as provas são o uso, por assessores do presidente da República, de dinheiro "provavelmente roubado" para compra de dossiês contra adversários e o "grampo" de telefones de três ministros do Tribunal Superior Eleitoral.

- Reeleger Lula será um salto no escuro. Não diga depois o Brasil que não alertamos com toda antecedência. Reeleger Lula equivale a avalizar a imoralidade administrativa, a corrupção, o 'mensalismo', o 'vampirismo', o golpismo, a incompetência, a chantagem, a prepotência, o suborno. Significa processos e desgastes, ingovernabilidade, atribulações, crises e desfecho imprevisível - afirmou o senador.

Para Arthur Virgílio, não será possível o presidente Lula "dizer desta vez que não sabia", pois uma das pessoas no caso do dossiê contra oposicionistas o acompanha desde o tempo do sindicato dos metalúrgicos e merece tanta confiança do presidente que cuidava de sua segurança e da de sua esposa.

Arthur Virgílio leu da tribuna 14 perguntas sobre o caso da compra do "dossiê" contra oposicionistas feitas pelo jornalista Merval Pereira, do jornal O Globo. A primeira é: "De onde saiu o R$ 1,7 milhão que foi apreendido pela Polícia Federal e que seria usado na compra de um dossiê?" Na opinião do senador, o dinheiro certamente é ilegal, ou não estaria sendo transportado em pastas. Se fosse legal, ponderou, o dinheiro passaria por agência bancária, com nome do dono original. Ironizou ainda que o PT chegou a informar que estava em dificuldades financeiras depois da CPI do Mensalão, "mas agora sobra dinheiro para pagar dossiês".

- É impressionantea capacidade do presidente Lula e de seu PT de piorar o que já é ruim. A cada dia que passa, eles conseguem cavar mais um pouco o fundo do poço em que se meteram - disse.

O senador lembrou que, nos últimos dias, governo e o PT foram envolvidos em cartilhas "mal explicadas", "humilhação por parte do presidente da Bolívia", compra de dossiê contra as oposições e grampo de telefones de ministros do TSE.

Em aparte, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse "ter certeza" de que o R$ 1,7 milhão apreendido pela Polícia Federal "foi roubado do governo". Para ele, o governo e a polícia têm de responder ao país de onde saiu o dinheiro.

Pedido de informações

O líder do PSDB também comunicou ao Plenário que pretende requerer da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, informações a respeito da exoneração do servidor Freud Godoy, assessor especial da Presidência da República, suspeito de envolvimento na compra de um suposto dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Arthur Virgílio lembrou que Godoy deixou o cargo a pedido e questionou se ele sofrerá processo administrativo.



19/09/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Arthur Virgílio: discurso do presidente da OAB mostra que a democracia brasileira está forte

Agripino diz que a democracia brasileira está em jogo

Arthur Virgílio diz que Lula "não entende nada" de jogo democrático e age de forma imperial

Arthur Virgílio diz que governo ajudou a derrotar MP dos bingos e não quer regulamentar jogo

Arthur Virgílio aceita diálogo, mas exige "agenda, ética e respeito ao jogo democrático"

Para Arthur Virgílio, violência em São Paulo é grave e dispensa jogo de culpa entre autoridades